Por Kátia Cabral
O que se pensava ser apenas um fungo cultivado pela abelha nativa sem ferrão brasileira conhecida como Mandaguari (Scaptotrigona depilis) para o desenvolvimento de suas larvas se revelou um complexo de três diferentes tipos de fungos que estão interagindo de forma complementar para criar um ambiente propício ao desenvolvimento das futuras abelhas. O estudo "Stingless bee larvae require fungal steroid to pupate" foi publicado nesta quinta-feira (19) na revista online do grupo Nature, a Scientific Reports.
Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, atualmente lotado na Embrapa Meio Ambiente, é um dos autores do artigo, ao lado de um time de pesquisadores da USP de Ribeirão Preto e instituições americanas. Menezes comenta que a publicação é a continuação de um trabalho anterior sobre os fungos das abelhas, publicado no final de 2015 na revista Current Biology. O estudo, na ocasião, foi uma descoberta inédita sobre esse tipo de simbiose entre fungos e abelhas e resultado de tese de doutorado realizado com Bolsa da Fapesp.
Ainda de acordo com o pesquisador, a evolução da pesquisa mostrou que os fungos produzem um tipo de gordura que é essencial para a dieta da larva das abelhas Mandaguari. “Além disso, mostramos que na verdade não é apenas um fungo”, enfatiza o cientista, “mas um complexo de três diferentes tipos de fungos que estão interagindo de forma complementar para criar um ambiente propício ao desenvolvimento das larvas”.
Em 2015 a relação simbiótica entre fungos e abelhas foi considerada inédita, pois, conforme relembra o pesquisador, era primeiro registro de simbiose entre uma espécie de abelha social e um fungo cultivado. Até então se saiba da existência de simbioses apenas entre espécies de formigas e de cupins com fungos cultivados em seus próprios ninhos.
Sobre o estudo: a pesquisa aponta que a larva da abelha sem ferrão deve consumir um fungo de células de ninhada específica para continuar o desenvolvimento. O fungo é membro do gênero Zygosaccharomyces e fornece precursores essenciais de esteroides para a abelha em desenvolvimento, visto que os insetos não podem sintetizar esses esteroides.
Fonte: Embrapa
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