Embrapa avança em pesquisas de proteínas alternativas



A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aprovou dois projetos para o desenvolvimento de ingredientes para alimentos à base de vegetais no “Programa de Incentivo à Pesquisa” do The Good Food Institute (GFI). As propostas estão entre as 21 aprovadas por cientistas de nove países e vão receber um investimento de R$ 20 milhões (US$ 4 milhões). Os recursos são provenientes de doações filantrópicas e os projetos têm um prazo de conclusão de até 24 meses.

Um dos projetos é da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ), liderado pela pesquisadora Caroline Mellinger, em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO). O objetivo é otimizar a produção de concentrado e isolado proteico do feijão carioca, contribuindo para acelerar a escala de produção de alimentos à base de vegetais, a partir desse grão amplamente cultivado e consumido no Brasil. A ideia é viabilizar a adoção desses ativos por empresas brasileiras, aumentando a oferta de ingredientes proteicos vegetais, primeiramente no Brasil e, depois, no mercado internacional. O outro projeto é da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE) e tem como líder a pesquisadora Ana Paula Dionísio. O foco é desenvolver uma tecnologia economicamente viável para transformar os resíduos do caju em alimentos vegetais que se aproximem das características sensoriais de alguns alimentos de origem animal.

A chefe-geral da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Lourdes Cabral, destaca que a equipe da Unidade tem estruturado a programação de pesquisa visando o aumento da disponibilidade de insumos proteicos oriundos de matéria-prima tanto animal quanto vegetal, ou seja, no aumento da matriz proteica a ser ofertada aos consumidores. “O conhecimento no desenvolvimento de produtos a partir de outras leguminosas como a soja, leva a Embrapa a assumir um protagonismo em um importante tema que só tende a crescer”, diz.

Segundo informações do GFI, estima-se que o mercado global de alimentos à base de vegetais atinja entre US$ 100 bilhões e US$ 370 bilhões até 2035. Lourdes acrescenta que a parceria com o Instituto é estratégica, pois os recursos financeiros para o desenvolvimento dos projetos aprovados serão aplicados para gerar e disponibilizar protótipos de ingredientes proteicos vegetais ao setor produtivo.

“Ambos visam desenvolver ingredientes que tenham custo competitivo para auxiliar no ganho de escala da indústria desses produtos, ao mesmo tempo em que aprimoram características sensoriais, como textura e sabor, trazendo valor nutricional adequado", acrescenta a coordenadora do Departamento de Ciência e Tecnologia do GFI no Brasil, Katherine de Matos.

GFI


O The Good Food Institute é formado por um time de especialistas em negócios, ciência e políticas públicas, que atua para gerar inovação na indústria de alimentos. O objetivo desta iniciativa é promover novas fontes de proteínas, que complementam a oferta global de alimentos oferecendo alternativas análogas às de origem animal.

O fomento à pesquisa é um dos principais focos do Instituto, que trabalha para acelerar a chegada ao mercado de alimentos à base de vegetais ou de tecidos cultivados que sejam saborosos, com preços competitivos e tenham ampla distribuição. “Se queremos ver proteínas alternativas se tornarem uma parte fundamental da cadeia de alimentos global, é preciso gerar conhecimento científico por meio de pesquisa", conclui a diretora associada de Pesquisa e Tecnologia do GFI, Erin Rees Clayton.


Kadijah Suleiman (MTb 22.729/RJ)
Embrapa Agroindústria de Alimentos

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