Cerca de 200 integrantes da cadeia produtiva da soja - pesquisadores, agentes governamentais, representantes das indústrias e de produtores rurais - estão reunidos no Seminário "Desafios da Liderança Brasileira no Mercado Mundial da Soja", realizado nos dias 8 e 9 de novembro, na Embrapa Soja, em Londrina (PR). Um dos temas que chama atenção no Seminário é o debate sobre a revisão do padrão oficial de classificação da soja.
Hugo Caruso, coordenador geral de qualidade vegetal, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento diz que a ideia é propor parâmetros que possam conciliar as expectativa dos produtores, compradores, processadores e exportadores de soja na Portaria 532, uma vez que a proposta apresentada em seminário realizado em setembro, em Brasília (DF) não foi aceita.
Após as discussões, a proposta irá à consulta pública a fim de substituir a IN 11 de 2007, que define o padrão oficial de classificação de soja. “Como, nas discussões anteriores, não houve consenso entre os representantes da cadeia, estamos apresentando uma nova proposta conciliatória. Queremos mediar essa discussão, mas quem tem que decidir o que é melhor para a cadeia produtiva é o próprio setor”, diz
De acordo com o pesquisador
Marcelo Álvares de Oliveira, da Embrapa Soja, o objetivo do Seminário é
discutir esse e outros temas que possam antecipar soluções para manter a
liderança brasileira no setor. “Estamos debatendo diferentes aspectos
da competitividade da cadeia da soja sob o ponto de vista técnico e de
qualidade da leguminosa”, ressalta. Outras temáticas abordadas no
primeiro dia de evento destacaram os impactos da biotecnologia na
produção brasileira e mundial, a importância da manutenção de elevados
teores de proteína na soja e os biocombustíveis obtidos a partir de
óleos vegetais, como o biodiesel.
Marcos Amorim, presidente do
Comitê de Contratos Externos da Associação Brasileira dos Exportadores
de Cereais (ANEC), ressalta que a realização do seminário é fruto de uma
rede de parcerias que entende que o desenvolvimento do agronegócio
brasileiro foi sempre pautado na adoção de tecnologias. “Tanto a
indústria que processa o grão, quanto quem exporta, entende que a busca
pela melhoria da qualidade da soja brasileira deve ser uma constante e
que precisamos investir em tecnologia para reduzir os desafios e ampliar
as oportunidades”, ressalta.
Para André Nassar, da Associação
Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), entre os desafios
para a cadeia produtiva da soja estão as questões relacionadas à
sustentabilidade e à eliminação do desmatamento. “Os compradores de
soja, liderados pela Europa, querem conhecer a origem da soja que estão
comprando. Dessa forma, a nossa atividade que era de comprar, processar e
comercializar o grão, passa a ser também de rastrear a origem da soja”,
afirma Nassar.
Outro desafio apontado são as questões referentes à logística, especialmente com relação aos grãos que são exportados pelos portos do Pará. “Transportar soja pela BR 163, pelas limitações que existem, é uma desafio enorme e entendo que a logística nessa região precisa ser mais eficiente”, destaca. Além disso, Nassar aponta ser necessário recuperar os patamares propostos na mistura do biodiesel no diesel. “Hoje a mistura é de 10% de biodiesel, mas deveríamos estar em 14%, o que causou prejuízos ao setor”, ressalta.
Agenda ESG
Na conferência de abertura, a diretora de finanças sustentáveis, da empresa de consultoria Proactiva, Dulce Benke apresentou as perspectivas e os impactos na cadeia produtiva da soja da agenda Environmental, Social and Governance (ESG) sigla que corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. Benke explicou que os critérios ESG estão relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), iniciativa mundial da Organização das Nações Unidas (ONU) e outras entidades internacionais.
“A adoção de práticas ESG entrou nas
agendas corporativas por determinação do setor financeiro e de demandas
de diferentes mercados. A soja brasileira faz parte de uma cadeia global
e precisa estar atenta às regulamentações referentes às boas práticas
ambientais, de direitos humanos e de governança para atender às demandas
de diferentes mercados e dos possíveis financiadores e investidores que
se quer alcançar nessa cadeia”, defende.
Promovido pela
Embrapa Soja, o seminário tem o apoio da ABIOVE (Associação Brasileira
das Indústrias de Óleos Vegetais, ACEBRA (Associação das Empresas
Cerealistas do Brasil), ANEC (Associação Nacional dos Exportadores de
Cereais), ASCB (Associação das Supervisoras e Controladoras do Brasil),
OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e Sindirações (Sindicato
Nacional da Indústria de Alimentação Animal).
Soja Brasileira
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de soja. Segundo estimativas da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), a atual safra deve superar a marca de 127 milhões de toneladas produzidas e registrar um recorde histórico no processamento do grão, de 49 milhões de toneladas. Chama atenção também a receita projetada com exportações de todo complexo (soja em grão, óleo e farelo) para 2022, que deve ser de aproximadamente US$ 58 bilhões.
De acordo com as
previsões, a safra de 2023 será ainda maior. Dados recentes divulgados
pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apontam para uma
produção recorde de mais de 150 milhões de toneladas. Com a evolução do
setor produtivo e das grandes perspectivas que se apresentam, surgem
também complexos desafios.
SERVIÇO
Seminário: Desafios da Liderança Brasileira no Mercado Mundial da Soja
Data e horário: 08 de novembro – das 08h às 18h e
09 de novembro – das 08h às 12h
Local: Embrapa Soja, Londrina (PR) - Rodovia Carlos João Strass, s/nº
Informações: www.seminariodesafiosdasoja.com.br
Embrapa Soja
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