O ano de 2017 encerra com um sentimento de frustração para a Comissão interestadual representante dos produtores de tabaco e também para os fumicultores da região sul do País
As últimas reuniões de negociação de preços realizadas com as empresas no mês de dezembro não foram satisfatórias para a categoria. Os encontros foram na sede da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), em Santa Cruz do Sul/RS, e contaram com a presença da Comissão interestadual representante dos produtores de tabaco, formada por membros da Afubra e das Federações de Agricultura e Pecuária dos Estados de Santa Catarina (FAESC), Rio Grande do Sul (FARSUL) e Paraná (FAEP), e dos Trabalhadores Rurais (FETAG, FETAESC e FETAEP), além de representantes das empresas fumageiras.
Os encontros foram individuais com cada empresa e a representação dos produtores apresentou o custo de produção, cuja variação é de 2,7%, e a proposta de reajuste, de 4,7% sobre a tabela oficial acordada na safra de 2016/2017. Sobre o índice, a comissão considera que, com o valor médio a ser pago pela indústria na comercialização, o percentual proporcionará lucratividade ao produtor.
Apenas duas empresas apresentaram proposta, na primeira rodada de negociações que ocorreu nos dias 06, 07 e 08 de dezembro, bem abaixo do custo de produção levantado pelas entidades. Como não houve acordo ficou acertado um prazo para que as empresas reestudassem as propostas. Reunião que aconteceu no dia 20 de dezembro na sede da Afubra, com somente sete empresas, quatro empresas ofereceram percentuais de reajuste da tabela, todas abaixo do custo de produção, e as demais só nos informaram que não vão reajustar a tabela. Com isso, não houve acordo entre as empresas. O presidente do Sindicato Rural de Irineópolis e representante da FAESC e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Francisco Eraldo Konkol, destaca que com a ausência de acordo entre ambas as partes as entidades representativas transferem toda a responsabilidade da continuidade das negociações para as empresas.
“Faremos um rigoroso acompanhamento do processo de comercialização e, se julgarmos necessário, faremos mobilizações para garantir uma renda justa ao produtor que é quem mais sofre com toda essa situação, uma vez que além de receber pouco pelo fumo plantado ainda não obtém retorno financeiro da mão de obra empregada na produção. Nossa luta é em favor dos fumicultores”, complementa Konkol.
Pelo regimento do Fórum Nacional de Integração do Tabaco (Foniagro), aprovado de acordo com a Lei da Integração 13.288/2016, a definição de preço para as safras deve ser sempre realizada durante o mês de dezembro. A rodada de negociação ficou abaixo do esperado pela comissão.
“Esperávamos que as propostas apresentadas nas reuniões se aproximariam mais do pedido das entidades. As indústrias não estão valorizando o trabalho do fumicultor. Elas se limitaram a oferecer uma variação que poderá comprometer a margem de lucratividade dos produtores, bem como a manutenção de parte deles na atividade”, salienta Konkol.
SAFRA 2016/2017
A safra 2016/2017 de tabaco atingiu uma produção de 727.831 toneladas. O Estado do Rio Grande do Sul foi o maior produtor com 343.866 toneladas e um faturamento de R$ 3,18 bilhões, seguido de Santa Catarina com 227.356 toneladas com faturamento de R$ 2,1 bilhões e do Paraná com 156.609 toneladas e R$ 1,44 bilhões. Em área cultivada os três Estados do Sul representam 298.530 hectares.
O faturamento da cadeia em 2016 chegou a R$ 29,2 bilhões com R$ 22 bilhões representando o consumo interno e R$ 7,2 bilhões em exportações, com a seguinte distribuição: R$ 13,9 bilhões em tributos, R$ 8,2 bilhões para indústria, R$ 5,2 bilhões aos produtores rurais e R$ 1,9 bilhões aos varejistas. Houve queda de 2,3% de consumo mundial e a China configura-se como a maior fatia do mercado de tabaco, respondendo por 46% do consumo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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