A Embrapa e o Parque Tecnológico de São José dos Campos (PqTec) articulam uma colaboração técnica. A parceria prevê a intermediação da empresa de pesquisa na aproximação entre o setor produtivo com as entidades, instituições e startups do PqTec interessadas no mercado do agronegócio. A ideia é desenvolver soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) a partir das demandas dos agricultores à Embrapa. O convênio entre as instituições foi anunciado durante a 5ª Feira de Tecnologia e Inovação (RM VALE TI), realizada entre os dias 23 e 25 de outubro, em São José dos Campos, SP.
Representando o presidente Sebastião Barbosa no evento, o pesquisador José Gilberto Jardine, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Territorial, denominou o convênio como uma aliança de compromisso. Segundo o gestor, após a assinatura do documento, todas as Unidades da Embrapa poderão firmar contratos com empresas residentes ou associadas ao PqTec por meio de contratos específicos. Atualmente, mais de 300 empresas estão vinculadas ao complexo. Conheça-as aqui.
Na dinâmica da colaboração, a Embrapa levará os gaps tecnológicos críticos (provenientes de qualquer região do País) ao PqTec. Este, por sua vez, funcionará como indutor de atração das empresas voltadas ao segmento do agronegócio. “A parceria fortalece e facilita a atração de empresas de TIC para que o cluster de São José dos Campos possa coordenar o desenvolvimento das soluções em resposta aos desafios tecnológicos indicados pela Embrapa”, disse Marcelo Nunes, coordenador do Arranjo Produtivo Local (APL) de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) Vale, um dos dois clusters do complexo. Neste arranjo, estão associadas 67 empresas de tecnologia e inovação, entre as quais estão as do agronegócio.
Marco Antonio Raupp, ex ministro de C&T, atualmente diretor do PqTec, afirma que o parque possui tradição no segmento industrial com empresas desenvolvendo tecnologia nas áreas da aeronáutica, do espaço e da defesa. Para ele, a Embrapa fortalecerá as relações comerciais com um novo nicho. “Para o desenvolvimento de inovações, é preciso entender o que está acontecendo no mercado e a Embrapa auxiliará a entendermos essa relação com o agronegócio”, disse.
Fazenda 5.0
Após a assinatura do convênio, as instituições articularão planos de ações segundo as linhas de atuação das Unidades da Embrapa interessadas na parceria. Cada plano definirá soluções para os gargalos do setor produtivo levados à discussão pelos participantes. As inovações desenvolvidas serão testadas na Fazenda 5.0, localizada em Porto Ferreira, no interior de São Paulo. A propriedade possui uma área de 2.300 hectares e é administrada por sete produtores. A ideia é construir um modelo de Fazenda baseada nas TICs e mensurar o impacto da integração das tecnologias no aumento da produtividade e na redução de uso de insumos e de desperdício.
Contato de negócios
A articulação começou com um contato na Agrishow deste ano. Em visita a um stand da Embrapa Territorial, uma equipe do PqTec demonstrou interesse em firmar convênio com o centro de pesquisa. A ideia amadureceu para a ampliação do convênio para toda a Embrapa.
Painel do agronegócio
No dia 24 de outubro, a 5ª Feira de Tecnologia e Inovação trouxe à discussão o impacto positivo das TICs no agronegócio.
O analista André Rodrigo Farias, da Embrapa Territorial, apresentou algumas das inovações desenvolvidas em seu centro de pesquisa. As análises dos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) ganharam destaque. Segundo o analista, a inovação relaciona-se diretamente com o território. Ele explica que são extraídas informações estratégicas do Big Data do sistema do CAR. Essas informações, ele complementa, interessam diretamente às associações de produtores do País. André mostrou ainda o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária Brasileira, desenvolvido para o Ministério da Agricultura, e o GeoWeb Inclusão Produtiva em seu Município, elaborado para o Ministério do Desenvolvimento Social.
O pesquisador Ronaldo Pereira, da Embrapa Solos, falou sobre a aplicação da Internet das Coisas na agricultura de precisão e no mapeamento digital de solos. O pesquisador entende que é preciso investir mais no conhecimento do solo em profundidade e destaca essa como uma das linhas em que a agricultura de precisão poderá contribuir para otimizar os resultados dos produtores. Ronaldo deu destaque para a utilização de sensores proximais visando a um monitoramento intensivo e a uma caracterização mais em profundidade do solo. Para ele, a agricultura de precisão é uma questão de planejamento.
Stanley Oliveira, pesquisador e chefe-adjunto de P&D da Embrapa Informática Agropecuária, falou sobre a agricultura 4.0, do Big Data à Agricultura Inteligente e Sustentável. Stanley apresentou diversas tecnologias, entre as quais, o Agritempo e o WebAgritec. Segundo o pesquisador, o atual volume de dados da agricultura influencia o desenvolvimento das tecnologias. “No passado, decidíamos pela intuição e a experiência. No futuro, a decisão virá pelos dados”, afirmou.
Alan Rodrigues (MTb 2625 JP/CE)
Embrapa Territorial
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