No começo de 2020, a Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), deu início ao projeto FecGE-Privado, iniciativa de pesquisa e desenvolvimento feita em colaboração com ovinocultores de, varios estados, entre os quais Santa Catarina.
O projeto é uma parceria da Embrapa com o setor produtivo para a identificação, seleção e multiplicação de ovinos prolíficos portadores da mutação FecGE. O alelo FecGE do gene GDF9 foi descoberto e relatado pela primeira vez pela Embrapa, apresentando em ovinos da raça Santa Inês um aumento de até 82% na taxa de ovulação e de 58% na produção de cordeiros das ovelhas, com mais de uma cria por parto.
Com participação da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF), será realizada a genotipagem e segregação de ovinos da raça Santa Inês para identificação da mutação FecGE em cabanhas (como são chamadas as fazendas especializadas em reprodução de ovinos e caprinos) de Santa Catarina, através da parceira institucional com a consultoria tecnológica Via Agronegócio.
A empresa parceira realizará o trabalho de seleção, coleta e envio das amostras de sangue, assistência técnica e levantamento, e disponibilização das informações que subsidiarão a análise do desempenho dos animais e dos impactos sociais e econômicos da introdução da tecnologia nos sistemas de produção.
Participam do projeto as Cabanhas ZDO e Dois Irmãos, localizadas em Iomerê, SC, que trabalham com ovinos PO (puros de origem) registrados e comerciais com a finalidade na venda de animais para genética e produção de carne. Também participará do projeto a Fazenda Pagliosa, localizada em Ipumirim, SC, que possui um rebanho comercial da raça Santa Inês para corte.
As propriedades disponibilizarão os animais para controle de todos os registros zootécnicos e socioeconômicos, além da coleta de amostras de sangue com o objetivo de identificar os animais portadores da mutação.
A participação destes produtores pioneiros em Santa Catarina vai permitir viabilizar também a condução de variados estudos sobre a fisiologia e aplicação de biotecnologias de multiplicação do alelo prolífico FecGE na raça Santa Inês em âmbito estadual.
Adicionalmente, o Projeto FecGE-Privado permitirá a elaboração de um banco de gametas e embriões, viabilizando a multiplicação dessa genética que poderá ser disponibilizada em maior escala para os produtores catarinenses e de todo o Brasil.
Segundo Andersom Borga, sócio da Cabanha Dois Irmãos, o estudo irá possibilitar uma evolução muito grande para a raça, que começa a ser bem representativa no estado. “A expectativa no cenário atual é evidenciar ainda mais os ganhos significativos que a raça já apresenta por sua excelente produtividade”, afirmou.
Já para Douglas Francisco Zardo, sócio da Cabanha ZDO, a parceria firmada com a Embrapa colocará Santa Catarina no cenário nacional da raça Santa Inês. “Já temos animais com altíssimo padrão, e com este trabalho poderemos oferecer ao mercado reprodutores certificados pela Embrapa, e tendo a certeza de sua produtividade, teremos a possibilidade de ter animais comprovados cientificamente com prolificidade superior. Vamos deixar um legado muito grande para o rebanho nacional”, defendeu. Ele destaca ainda que a Raça Santa Inês já se apresenta com um índice muito superior de produtividade e precocidade de cordeiros, e a identificação do gene FecGE trará ainda mais força neste grande diferencial da raça.
Para o pesquisador Hymerson Azevedo, que lidera a pesquisa e é curador do banco genético da Raça Santa Inês da Embrapa Tabuleiros Costeiros, há uma grande motivação em torno do projeto. “A união de esforços viabilizará a evolução da genética FecGE, que nos últimos anos tem sido exaustivamente investigada na Embrapa, mostrando grande potencial para o melhoramento genético de ovinos”, explica.
Hymerson acredita que será uma quebra de paradigma para a ovinocultura brasileira, pois ao invés de valorizar e selecionar para a reprodução somente animais pelo fenótipo e portadores de determinados afixos, o projeto propõe que sejam selecionados animais multiplicadores também pelo genótipo ligado às características de produção, como é o caso da prolificidade.
“Ovinos prolíficos FecGE podem aumentar a produtividade dos rebanhos ajudando os sistemas a alcançarem a sustentabilidade econômica, além de diminuírem a pressão da ovinocultura sobre o uso da terra e dos recursos naturais, reduzindo os impactos sobre o meio ambiente na medida em que menos animais podem produzir mais carne”, argumenta.
A Via
Agronegócio afirma que desde as primeiras conversas sobre o projeto com
os pesquisadores e com produtores percebeu o potencial para um maior
desenvolvimento da raça Santa Inês em Santa Catarina, e também como um
fator inovador na ovinocultura com a seleção de animais pelo seu
potencial genético, gerando aumento na produtividade e,
consequentemente, maior retorno econômico aos produtores.
Texto: Facto Imagens e Textos (SC), com edição de Saulo Coelho (Núcleo de Comunicação Organizacional – Embrapa Tabuleiros Costeiros)
Embrapa Tabuleiros Costeiros
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