Grão-de-bico: crescimento da área plantada confirma potencial da cultura para atender a demanda por produtos orgânicos

O produtor baiano Alisson França é um dos que vêm apostando no cultivo orgânico de grão-de-bico - Foto: Alisson França

 

O grão-de-bico produzido no sistema orgânico tem se mostrado uma alternativa bastante atrativa para produtores que decidiram investir na cultura. Entre os materiais testados para o cultivo orgânico – BRS Cícero, BRS Aleppo, BRS Cristalino e BRS Toro -, desenvolvidos pela Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), as cultivares BRS Aleppo e BRS Toro vêm apresentando maior adaptabilidade a esse sistema de produção.

O produtor Alisson França, do município baiano de Irecê, por exemplo, um dos que vêm apostando no cultivo orgânico de grão-de-bico, conta que já começou a expandir a área plantada com a leguminosa. “Começamos com três hectares e agora estamos ampliando o espaço cultivado”, informa o produtor, que iniciou o plantio em março de 2020 com as cultivares BRS Cícero, BRS Aleppo e BRS Toro para testes de adaptabilidade.

Entre esses materiais, ele aponta a BRS Toro como a mais adaptada às condições da sua região, embora a BRS Aleppo também tenha apresentado um bom desempenho. “Entre as cultivares plantadas, a BRS Toro superou as demais na altura e na quantidade de galhas com as vagens”, destaca Franca, para quem o cultivo orgânico - além do preço maior de mercado - traz também vantagens relacionadas à redução de custos.

 “Os custos de produção são mais baixos pois a adubação é feita com pó de rocha e ainda tem a economia de água, com apenas uma irrigação por semana no sistema de gotejamento”, observa França, que vem estimulando outros produtores a investir na leguminosa “para aumentar as demandas e contarmos com melhores expectativas comerciais, e num futuro próximo a produção alcançar níveis de exportação”.

Outro relato de experimentos bem-sucedidos com o cultivo de grão-de-bico sob sistema orgânico vem de São Paulo, mais precisamente da fazenda do Ipê, em Tarumã. A proprietária Maria Helena Ricca conta que o começo foi em 2016, com a cultivar BRS Cícero, plantada numa área de 200 metros quadrados.  Os resultados satisfatórios resultaram na decisão de ampliar a área dessa vez com a cultivar BRS Aleppo.

“Em 2017, já com a cultivar BRS Aleppo, a área foi expandida para cinco hectares e, na safra de 2020, tivemos 30 hectares plantados - que serão mantidos em 2021”, informa Ricca, que destaca o papel desempenhado pela Embrapa Hortaliças desde o início do processo, “com orientações precisas sobre o manejo adequado para a produção de grão-de-bico sob o sistema orgânico”.

ADEQUAÇÕES

De acordo com Warley Nascimento, pesquisador e chefe-geral da Embrapa Hortaliças, que coordena o trabalho com leguminosas – grão-de-bico, lentilha e ervilha – na Unidade, o acompanhamento desses cultivos na Bahia e em São Paulo tem sido realizado informalmente, com troca de ideias e orientações sobre os problemas encontrados pelos produtores, e que tem representado um diferencial, “já que podem obter informações lastreadas pelos experimentos conduzidos em nossa área destinada a sistemas orgânicos de cultivo”.

Para Nascimento, o crescimento da área plantada representa um reconhecimento do potencial do grão para atender à crescente demanda por alimentos produzidos organicamente e pode ser considerado “um nicho de mercado bastante interessante, já que o material importado não possui essa característica”.

Anelise Macedo (MTB 2.749/DF)
Embrapa Hortaliças

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