Presente em diversas áreas do Brasil, principalmente na região
Nordeste, os solos arenosos são terras com produtividade relativamente
baixa, devido a alta porosidade e consequente capacidade reduzida de
retenção de água, dificultando a oferta de nutrientes para as plantas.
No entanto, mesmo com baixa qualidade, o solo arenoso vem sendo
amplamente utilizado na agricultura, devido à grande necessidade da
expansão agrícola presente no Brasil nos últimos anos.
Por apresentarem características peculiares, os solos arenosos vêm se
tornando um verdadeiro desafio para produtores que buscam maior
produtividade. Assim, algumas práticas devem ser ponderadas pelos
produtores, com a finalidade de entender melhor esse tipo de solo, para
assim maneja-los corretamente.
O que são solos arenosos?
Solos arenosos (também chamados de solo leve) são aqueles que, como o
próprio nome diz, se destacam pela grande proporção de areia em sua
composição (70%) e menor parte de argila (menos de 15%).
Segundo o professor doutor Tiago Aranda Catuchi, do curso de
Agronomia, da Unoeste de Presidente Prudente (SP), há outras
características que tornam o solo arenoso único, pois
apresenta fragilidade estrutural, baixa fertilidade e capacidade de
retenção de água.
A alta porosidade presente em solos arenosos possibilitará que a água
passe mais facilmente entre os grãos atingindo camadas mais profundas e
secando o solo bem mais rápido quando comparado com outros tipos de
solo.
Maiores desafios da cultura em solos arenosos: você sabe quais são?
Como já citado, o solo arenoso possui pouca fertilidade e tem forte
tendência à erosão, sendo esse um grande desafio para a agricultura.
Neste contexto, Catuchi faz o seguinte comentário: “o principal
desafio de solos arenosos está na formação de matéria orgânica e palhada
na superfície, visto que atuam na otimização das propriedades físicas,
químicas e biológicas”.
O professor dá destaque para atuação da matéria orgânica no solo arenoso. “Em
solos arenosos a Capacidade de Trocas de Cátions (CTC) é menor em
relação aos solos de textura argilosa, o que resulta em baixa oferta de
nutrientes e água as plantas”, diz o agrônomo.
Entretanto, em solos arenosos, a produção de matéria orgânica é um
grande desafio. A baixa fertilidade e a alta aeração do solo aceleram o
processo de decomposição da matéria orgânica, sobretudo pela exposição
dos resíduos orgânicos ao maior ataque dos organismos decompositores.
Quais as melhores práticas na busca de bons resultados?
A interação lavoura-pecuária, o uso do sistema de plantio direto e a
adubação verde são práticas que, se bem conduzidas, podem trazer maior
qualidade ao solo arenoso, tornando-o produtivo para a cultura desejada.
No entanto, a rotação de culturas com gramíneas e leguminosas é
considerada a medida mais eficaz para culturas graníferas anuais. Tiago
Catuchi salienta que “uma boa rotação de cultura, não é uma prática
composta apenas de culturas de interesse econômico, a exemplo do sistema
soja/milho”.
Para o especialista, o correto seria encaixar nesse cronograma
agrícola alguma cultura de cobertura (exemplo: milheto, Brachiaria,
Panicum, crotalária, guandú), haja visto que estas culturas possuem
sistema radicular vigoroso e produzem palhada em quantidade para dar
aporte a produção de matéria orgânica.
Como fazer rotação de cultura corretamente em um solo arenoso?
O sistema de rotação de culturas ideal será aquele que promova aporte
de nitrogênio para produção de palhada, a exemplo o sistema de rotação
soja/milho+brachiaria.
Entenda com o seguinte exemplo: o produtor cultiva soja no verão e
milho+brachiaria na entressafra, com isso ele terá a soja como obtenção
de renda e aporte de nitrogênio para as culturas subsequentes como o
milho+brachiaria, o qual após a colheita do milho ficaria a brachiaria
para pastejo de bovinos ou para formação de palhada para plantio da soja
na próxima safra.
Catuchi cita ainda outro sistema bem interessante, conhecido como o
sistema soja/pastagem+guandú (integração lavoura pecuária). Nesse
sistema a pastagem consorciada com guandú favorece a qualidade
nutricional da pastagem e a qualidade física do solo promovida pela
leguminosa.
Quais cultivos ou sistemas apresentam os melhores resultados?
Em qualquer sistema dentro da agricultura, principalmente na produção
em solo arenoso, nunca existirá um sistema considerado ideal para todas
as propriedades, Assim, o professor da Unoeste aconselha o produtor a
adaptar e otimizar o sistema de acordo com as atividades desenvolvidas
em sua propriedade, seja somente lavoura, pecuária ou integração
lavora-pecuária.
Par finalizar, ele cita que em sistema de cultivo convencional
(preparo do solo) como para cultura da cana-de-açúcar (implantação),
amendoim, batata doce, mandioca, as propriedades físicas do solo arenoso
não são favoráveis. Assim a estrutura do solo se fragiliza, tornando-o
mais propício à erosão, sendo primordial a alternância na profundidade
de preparo do solo.
O solo arenoso realmente tem características bastante particulares
que podem dificultar a produtividade, mas isso não pode impedir que o
produtor tenha boa produtividade, basta ele se conscientizar das
necessidades exclusivas deste tipo de solo, manejando-o corretamente.
Você tem solo arenoso em sua propriedade? Tem muitos
problemas com a qualidade deste solo? Que tal compartilhar este
artigo com seus amigos, eles podem ter o mesmo problema que você!
Fonte: Agrishow Digital
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