Pesquisas realizadas pela Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ) irão subsidiar a construção de novas barragens subterrâneas no Semiárido de Alagoas. Os estudos foram apresentados pela pesquisadora da Unidade de Execução de Pesquisa da Embrapa Solos em Recife, PE, Maria Sonia Lopes, durante sessão especial realizada na Assembleia Legislativa de Alagoas na sexta (10).
Sonia participou do evento acompanhada pelo coordenador substituto da UEP Solos em Recife, o pesquisador Flavio Marques, além da coordenadora e do pesquisador da UEP Rio Largo (AL), vinculada à Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), Walane Ivo e Antonio Santiago.
A barragem subterrânea é uma tecnologia popular pesquisada pela Embrapa há cerca de 30 anos, e que tem sido adotada por famílias agricultoras na região do Semiárido. É uma solução tecnológica de captação de água da chuva que contribui para o convívio dos sertanejos com as condições do Semiárido, facilitando a produção de água para a atividade agropecuária e reduzindo os riscos da agricultura dependente de chuva.
Desenvolvidas a partir de princípios simples, são paredes construídas dentro da terra, com a função de bloquear as águas das chuvas no solo e acima dele, formando uma vazante artificial onde agricultores conseguem manter o terreno molhado entre três e cinco meses após a época chuvosa. Assim é possível garantir o cultivo, mesmo durante a estiagem, de culturas de subsistência: frutíferas, forragem, hortaliças, plantas medicinais, cana-de-açúcar, batata-doce, arroz, entre outras.
Segundo Maria Sonia, a grande inovação da pesquisa em relação ao modelo tradicional da tecnologia foi a adoção do uso do plástico septo impermeável, responsável inclusive pelo barateamento do custo da implantação do sistema.
Em sua apresentação aos deputados, autoridades municipais e estaduais e agricultores, a pesquisadora informou que Alagoas possui atualmente cerca de 100 barragens subterrâneas, detalhando os estudos em andamento para a construção de outras barragens no estado.
“A nossa pesquisa é fruto de um trabalho de estudo geoambiental, tipo de solo e relevo que estamos desenvolvendo em todo semiárido brasileiro, e Alagoas possui uma base de solo atualizada no sistema com zoneamento. Estamos estudando agora os ambientes para construção de novas barragens e vamos entregar em breve ao Estado um mapa detalhado com estes dados”, disse a pesquisadora.
O Semiárido brasileiro abrange nove estados, entre eles Alagoas. O grande problema, segundo estudos da Embrapa, é que a média anual de precipitação pluviométrica varia entre 200 e 800 mm, enquanto a evaporação é de 2.000 mm, ou seja, a quantidade de água que evapora é de 2,5 vezes maior que a média da chuva na região. Por isso, segundo os estudos, é fundamental que as famílias tenham reservatórios para guardar água das chuvas para o período de estiagem, e uma das alternativas recomendadas é a barragem subterrânea.
O agricultor de São José da Tapera, Edézio Alves Melo, conhecido como seu Dedé, que foi contemplado com uma barragem há dez anos, disse que a barragem subterrânea mudou sua vida. Ele afirmou que toda semana tira hortaliças para vender na feira e nos supermercados da região. “Na localidade somos seis famílias e não temos inverno há seis anos. Através da barragem subterrânea estamos trabalhando todos os dias e se mantendo com cultivo do milho, feijão, maracujá entre outras coisas”, disse.
A sessão especial foi realizada atendendo a um requerimento da deputada Fátima Canuto (PRTB), aprovada por unanimidade no plenário, e contou coma presença de técnicos do Sebrae e da Embrapa, agricultores do Semiárido alagoano, representantes da Universidade Federal de Alagoas, secretários municipais, representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Alagoas e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além de prefeitos e vereadores.
*Com informações da Assessoria de Comunicação da Assembleia Legislativa de Alagoas e colaboração de Álvaro Müller (Asscom/Senar).
Saulo Coelho (MTb/SE 1065)
Embrapa Tabuleiros Costeiros
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