Mais de 100 representantes de cadeias produtivas da qual a soja participa estiveram reunidos no seminário Desafios da Liderança Brasileira no Mercado Mundial da Soja, realizado nos dias 25 e 26 de setembro, na Embrapa Soja, em Londrina (Paraná). Em 2018, segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), o Brasil produziu 123 milhões de toneladas de soja e exportou 83 milhões de toneladas, assumindo a liderança do mercado mundial. Para manter este protagonismo, o Brasil precisa ter um diagnóstico preciso dos gargalos que afetam o setor e investir em ações concretas na busca de soluções, avalia o chefe-geral da Embrapa Soja, Jose Renato Bouças Farias.
Para Farias, o evento foi uma importante oportunidade para que se avaliem alguns dos riscos que afetam o mercado da soja brasileira. “Nossa proposta era conhecer os principais entraves que podem depreciar ou questionar a qualidade do grão para que todos os membros da cadeia produtiva consigam se antecipar aos prováveis problemas e, assim, buscar soluções para manter e incrementar a competitividade brasileira”, destaca.
Para atender ao objetivo proposto, a programação técnica esteve focada em quatro grandes temas que hoje afetam a competividade da soja. Uma destas questões refere-se aos resíduos de agrotóxicos, fator que eventualmente é questionado nas cargas brasileiras que chegam no exterior. “A soja brasileira é produzida com os baixos teores de resíduos exigidos para atender as demandas dos importadores, mas precisamos estar sempre atentos para respeitar as especificidades de cada legislação”, explica.
Também chamou a atenção dos participantes o painel sobre a qualidade da soja brasileira e as perdas relacionadas à logística. “Apresentamos um panorama das características dos grãos produzidos, procurando identificar os fatores que podemos melhorar para incrementar a qualidade da nossa produção”, destacou Farias. Os dados da Embrapa, levantados pelo projeto Qualigrãos, traçaram uma radiografia da qualidade da soja comercial brasileira nas quatro últimas safras. Um dos destaques é que não ocorreu variação significativa no teor de proteína do grão no Brasil nas safras de 2014/15 até a safra 2017/18. “Os números brasileiros têm girado em torno de 37%, o que indica uma estabilidade do teor médio no país”, explica.
De acordo com o pesquisador Irineu Lorini, líder do projeto, pequenas variações nos teores médios de proteína são consideradas normais, inerentes ao sistema de produção de soja, uma vez que há inúmeros fatores que interferem no teor médio de proteína no grão de soja, como a própria safra agrícola, o clima, as cultivares, o manejo da cultura, a região de produção, para citar alguns exemplos.
O seminário também abriu discussão para que representantes das cadeias produtivas de suínos, aves e peixes pudessem enfatizar os usos da transformação da proteína vegetal (soja) em proteína animal (ração). O mercado de aquicultura, por exemplo, é um dos que mais cresce no mundo. De acordo com a Associação Brasileira de Piscicultura, o Brasil é o quarto produtor mundial de peixe, mas projeta, em 10 anos, ficar na segunda colocação, atrás apenas da China. Hoje 50% do peixe consumido no mundo é oriundo da piscicultura e este mercado é crescente. “A soja é o principal ingrediente da ração que representa 70% do preço do peixe”, destaca Ricardo Neuckurchner, presidente da Associação. “E se este mercado crescer, vamos precisar de mais soja que poderá ser usada internamente”, ressalta.
Outro tema debatido no seminário esteve relacionado à classificação de grãos. O mercado procura padronizar o processo para garantir a qualidade da soja no mercado internacional. “Neste aspecto procuramos destacar tanto as metodologias atuais usadas para classificação de soja e processamento de armazenagem, assim como novos métodos e possíveis alternativas para o futuro”, destaca Farias.
Para Daniel Furlan Amaral, economista-chefe da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o evento trouxe um debate de alto nível que, com certeza, ajudará toda a cadeia produtiva a compreender e atender as exigências de qualidade dos consumidores da soja brasileira. “O seminário nos deu a oportunidade de levar o conteúdo técnico dos especialistas aos representantes da indústria e dos produtores que atuam diariamente na cadeia produtiva da soja”, reforça Amaral.
Promovido pela Embrapa Soja, o seminário tem o apoio da ABIOVE (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), ACEBRA (Associação das Empresas Cerealistas do Brasil), ANEC (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e Sindirações (Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal).
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