Pecuarista precisa planejar agora como vai alimentar o rebanho na seca para não perder dinheiro depois



O próximo período de seca terá início em seis meses, mas o planejamento precisa começar já. Para não faltar comida aos animais na época de estiagem, muitas decisões devem ser tomadas no início da estação chuvosa. Preparando-se com antecedência, o pecuarista tem condições de enfrentar contratempos e minimizar os riscos do negócio.

De acordo com a pesquisadora Patrícia Menezes, da Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), deve-se projetar o rebanho futuro, estimar a produção de forragem e identificar quais alternativas tecnológicas são viáveis para atender a demanda de alimento para o gado o ano todo.

Para ter ideia do rebanho futuro, o produtor pode utilizar dados históricos ou projetar mês a mês como um fluxo de caixa. Para isso, ele precisa prever, principalmente, entradas e saídas de animais. “Como entra gado? comprando ou com nascimento de bezerros. Como sai? vendendo ou com a morte de animais. Se o pecuarista fizer toque, ele sabe quantas vacas estão prenhas. Se fez estação de monta, sabe que haverá nascimentos em determinados meses. A época de compra e venda, precisa ser programada. Se ele tiver ideia de quantos morrem, pode acrescentar esse número nos cálculos”, explica a pesquisadora.

De acordo com Patrícia, mês a mês, ele faz a soma das entradas de gado e diminui as saídas. Assim, projeta o rebanho futuro e a alimentação necessária para o ano.

De posse das informações sobre demanda por comida, o pecuarista precisa verificar se aquilo que ele produz é suficiente para alimentar o gado ao longo do ano. Se não for, é preciso buscar alternativas para ajustar a capacidade de suporte da fazenda ao tamanho do rebanho.

São várias alternativas para equilibrar a oferta e a demanda de alimentos, como vedação de pasto, produção de silagem, plantação de cana, cultivo de espécies forrageiras de clima temperado, venda de animais e compra de alimentos. Tudo isto depende da infraestrutura e da região onde está localizada a propriedade.

Para vedação do pasto são recomendados capins que perdem a qualidade mais lentamente, como as braquiárias. A área deve ser vedada no terço final do período chuvoso para garantir alimentação adequada durante os meses de seca.

A produção de silagem, feno ou cana-de-açúcar pode ser uma opção viável, dependendo da região e do nível tecnológico do pecuarista. “É preciso analisar a infraestrutura da fazenda. Por exemplo, quando você veda o pasto é interessante associar à suplementação proteica. Para isso, é necessário disponibilizar cochos no pasto. Pode-se adaptar com alternativas baratas, como cortar algum galão de plástico de 200 litros”, destaca a pesquisadora.

O consórcio com leguminosa também é uma possibilidade. O guandu BRS Mandarim é uma boa escolha para integrar à pastagem, já que o gado consome o guandu na época seca, quando a planta floresce e aparecem as primeiras vagens.

A sobressemeadura com azevém e aveia tem bom potencial de produção de forragem na época fria. Mas essa é uma alternativa para áreas irrigadas ou em regiões de inverno chuvoso, já que essas forrageiras são de clima temperado e precisam de umidade para o desenvolvimento. Ainda, a fertilidade do solo é um fator importante, porque as forrageiras de inverno são bastante exigentes.

Patrícia Menezes alerta que para todas as opções recomendadas é preciso que o pecuarista planeje agora. “Quando você não faz o planejamento, você corre riscos. A ajuda de um técnico contribui para escolher o melhor caminho. A opção viável é a que o produtor tenha lucro. Se o gado passa fome, ele perde dinheiro”, ressalta.


Gisele Rosso (MTb/3091/PR)
Embrapa Pecuária Sudeste


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