A foto acima é a condição atual da propriedade em Barão/RS, durante a Pandemia; já a foto abaixo, é da situação da propriedade no início do projeto em novembro do ano passado. - Foto: Leison Prediger |
O projeto Balde Cheio na região Sul do país realizou a primeira reunião virtual com as equipes de trabalho, respectivamente, dia 12 de junho, com técnicos da região da Serra, e dia 15 de junho, com os da zona da Fronteira Oeste do RS. O objetivo do encontro foi promover a aproximação entre as equipes, relatar as ações realizadas e as dificuldades vencidas neste período de Pandemia. Essas duas regiões reúnem 11 propriedades leiteiras.
A reunião virtual contou com a participação do líder do projeto nacionalmente, André Novo, da Embrapa Pecuária Sudeste(São Carlos/SP). Ele explicou ao grupo que o Balde Cheio está nos seus primeiros nove meses de implementação nesta região do país, e é quando o produtor leiteiro tem maiores necessidades de apoio para efetivamente aderir às atividades que compõem a metodologia do projeto. “Parte-se do zero, então, é um processo de adaptação, de muitos ajustes, pois é visto a falta de equilíbrio em várias práticas agropecuárias, que aos poucos vão se delineando e sendo realizadas até responderem positivamente à realidade daquela propriedade leiteira”, explica.
Para a pesquisadora Renata Suñé Martins da Silva, da Embrapa Pecuária Sul (Bagé/RS) o saldo de atividades realizadas nestes últimos três meses do projeto é bastante positivo. “Há respostas interessantes em termos de implantação de pastagens, de decisão operacional quanto a manutenção de alguns animais, secagem de outros, todas essas ações estão sendo monitoradas pelos técnicos, apesar da Pandemia, através das mídias disponíveis, pelo instrutor técnico e pela Embrapa. Em algumas regiões as visitas, inclusive, voltarão a ser presenciais, conforme orientação dos órgãos da área da Saúde”, avaliou.
Apresentação de resultados
As propriedades monitoradas na região da Serra do RS, vinculadas à Cooperativa de Laticínios Piá, compreende as localidades de Nova Petrópolis, Soledade, Barão e Vila Flores. Os relatos desse período, em todas essas propriedades de implantação das práticas agropecuárias preconizadas pelo Balde Cheio, sofreram dificuldades diante do elemento da estiagem. “Na propriedade por exemplo, em Barão, não foi possível implantar os Tiftons como opção de pastagens de verão, então na segunda visitação se propôs as recomendações de alimentação mínima para cada vaca leiteira e a introdução de pastagens para garantir alimento para o inverno. Mas a falta de chuvas na região veio a prejudicar a produtividade, que veio caindo e desanimando os proprietários. Mesmo assim, o instrutor técnico JulianoAlarcon Fabrício, deu dicas pelo whatsapp aos produtores e eles foram adotando as instruções, e hoje, eles já estão com mais produtividade”, conta o técnico LeisonPrediger.
Segundo
ele, há muitos desafios na propriedade de Barão, mas os produtores
tiveram a experiência comprovada de que oferecer mais alimento, garante
mais produtividade.
“Neste momento estamos trabalhando com eles
a implantação de pastagens perenes e o aumento na produção de silagem.
Na próxima visitação, possivelmente, será apresentada a ideia de uso de
adubação para ultrapassar a marca de 20 ton/ha/produção de silagem para
30 ton/ha/produção de silagem”, revelou. Para Leison, o importante é que
os produtores estão ‘comprando a ideia’ proposta pelo Balde Cheio e
estão dando um passo de cada vez.
O engenheiro agrícola Sérgio Bender, da Embrapa Clima Temperado (Pelotas,RS) considerou importante relatar o recebimento de experiências de uso do capim elefante BRS Kurumi por produtores que estão obtendo elevados níveis de produção de forragem em tempos de estiagem no RS. “Os cases indicam a possibilidade de garantia de alimento para o gado leiteiro ao introduzir a BRS Kurumi, em médio e longo prazo”, disse. Para ele será possível ajudar muito os proprietários dessas regiões acometidas pela seca.
André Novo lembrou durante a apresentação da necessidade de resultados serem registrados (devidamente anotados) pelos produtores leiteiros, com a supervisão do técnico. “É preciso realizar o preenchimento das 180 questões do Índice de Atualização Tecnológica da Propriedade, isso é importante porque precisamos também comparar o avanço tecnológico que a propriedade adquiriu. Pois, daqui um ano, ela será outra”, prospectou.
Fábio Guaragni, também é técnico da Cooperativa de Laticínios da Piá, e apresentou resultados das ações concentradas em Nova Petropólis. “As visitas reduziram, mas parte do acompanhamento segue por distância, ao usar telefone/whatssap. A rodada de visitas com o instrutor que aconteceria no mês de maio foi cancelada como medida de segurança e ficou mantida a agenda para agosto. Mas, acredito que não houve grandes mudanças em função do COVID-19 em relação a continuidade do Balde Cheio”, observou.
As reuniões virtuais
A pesquisadora Renata Suñé Martins da Silva fala que enquanto a Embrapa estiver operando na modalidade de teletrabalho, em função da pandemia, a ideia é seguir em contato com os técnicos para se ter um feedback do processo como um todo nas propriedades. “Temos um retorno dos resultados das ações realizadas pelos técnicos nas propriedades, que foram anteriormente planejadas, junto ao instrutor técnico do Balde Cheio, e com a Embrapa, e que mesmo com a estiagem e a Pandemia, houve sim, a realização de boa parte das ações, pois num primeiro momento as visitações foram canceladas, mas a partir de agora, os deslocamentos até os empreendimentos rurais já estão sendo feitos”, fala.
“Adaptar-se às ferramentas tecnológicas é também um dos principais desafios dentro da execução do projeto”, disse o técnico Fábio Guaragni. Conforme ele, a importância está em verificar a inclusão dos produtores no meio digital, que é uma tendência crescente. “Nós não aplicamos o uso das ferramentas tecnológicas junto aos produtores do Balde Cheio, mas junto a produtores de outro projeto, que se adaptaram bem, sem demonstrar nenhuma resistência”, disse. O técnico da PIA, comentou que estão estudando como podem utilizar melhor essas tecnologias digitais como lives, webconferência, uso de vídeos pelo Whatsapp para todos os produtores que participam de projetos,para que não seja tão utilizado os encontros presenciais, para que sejam mantidos os produtores mais conectados, não sendo substituída a forma presencial, mas que os processos de comunicação digital sejam mais uma forma de agregar às ações”, defendeu.
André Novo vê a iniciativa das reuniões online como benéficas para continuidade do Balde Cheio na região Sul.“É muito bom esse contato,mesmo que os encontros sejam de curta duração e mais frequentes. Pois esse é um projeto de longo prazo. E no caso, que estamos enfrentando uma Pandemia, iremos enfrentar inevitavelmente ao longo do desenvolvimento do projeto situações de enchentes, secas, e no momento, o Coronavírus. Não estamos à espera de resultados imediatos, mas de ações de mudança para dois a três anos. Pois, o projeto tem a pretensão de gerar mudança de vidas das pessoas”, disse.
Todos os participantes do encontro online manifestaram interesse em prosseguir com a agenda de reuniões virtuais. Ficou acordado entre as equipes de trabalho que mensalmente haverá um encontro com cada um dos grupos, duas regiões no RS, que fazem parte da implementação do projeto Balde Cheio.
Embrapa Clima Temperado
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