Nessa quarta-feira, 15 de julho, foi realizada uma WebConferência, que reuniu cerca de 50 pessoas, com o objetivo de discutir e validar a proposta para o Zoneamento de Risco Agroclimático (ZARC) do milho solteiro de 2ª safra em Mato Grosso do Sul para a Safra 2021. Participaram representantes de cooperativas, da assistência técnica rural pública e privada, instituições bancárias, produtores de milho, pesquisadores e técnicos da Embrapa.
Desenvolvido pela Embrapa, em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Banco Central, o zoneamento indica os períodos de plantio por cultura e por município, considerando as características do clima, o tipo de solo e ciclo de cultivares. O objetivo do ZARC consiste em reduzir o impacto negativo das adversidades climáticas (geadas, estiagem, excesso de chuvas, granizo, entre outros) coincidam com as fases mais sensíveis das culturas, minimizando as perdas agrícolas.
Carlos Ricardo Fietz, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, explica que o ZARC é uma ferramenta que está em processo de melhoramento contínuo, buscando proporcionar atualizações que estejam cada vez mais próximas à realidade dos produtores. “O clima é um fator controlador da produtividade. Apesar de todos os manejos e tecnologias disponíveis, os fatores climáticos, tais como excesso ou ausência de chuva, radiação solar, temperatura, eventos climáticos extremos, são decisivos para o rendimento da cultura”, acrescentou Fietz.
Ele explica ainda que “é importante saber que, nessa etapa, é possível haver modificações no ZARC, desde que haja embasamento técnico. Por exemplo, se um município teve restrição de plantio em determinada época, enquanto nos municípios vizinhos não houve a mesma restrição, sendo que é comum o plantio nessa época, isso pode ser mudado”.
Balbino Antônio Evangelista, técnico da Embrapa Pesca e Aquicultura responsável pelo ZARC do milho safrinha no Brasil, disse que a produção agrícola é uma fábrica a céu aberto, sujeito a diversas intempéries do clima. “Não temos como eliminar os riscos, mas temos como reduzir esses impactos negativos. Quantificação de risco é algo possibilitado pelo ZARC”, conclui Evangelista.
A equipe local do ZARC, formada pelos pesquisadores Carlos Ricardo Fietz, Danilton Luiz Flumignan e Éder Comunello, com o apoio da equipe de Transferência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste, ficou responsável por selecionar representantes do setor produtivo para essa reunião. “As sugestões e críticas recebidas nessa WebConferência são encaminhados ao Comitê Gestor ZARC da Embrapa, coordenado pelo pesquisador Eduardo Monteiro. Posteriormente, o resultado final é encaminhamento para o MAPA”, explica Fietz.
Após estabelecer os parâmetros da modelagem, as simulações são realizadas na Embrapa Informática na Agropecuária. “As simulações duram de 2 a 3 dias, pois são feitas para todo o Brasil e as validações ocorrem para avaliar se os resultados são coerentes e adequadas”, concluiu Fietz.
Ferramenta on-line
Éder Comunello, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, apresentou os resultados preliminares da próxima safra para verificação e apreciação dos presentes. Essa etapa do ZARC é denominada de validação e visa promover uma espécie de conferência dos resultados por parte do setor produtivo. Após devidamente validados, os resultados serão disponibilizados em diversos canais, de consulta, tais como o site do MAPA (http://indicadores.agricultura.gov.br/zarc/index.htm), o aplicativo de celular Plantio Certo (Embrapa) e a própria portaria.
O ZARC permite verificar a probabilidade de sucesso em um cultivo de acordo com a data de plantio e considerando diferentes grupos de cultivares e tipos de solo. Esse sucesso provém do atendimento de condições ambientais mínimas, especialmente no que diz respeito à satisfação das necessidades hídricas da cultura.
Os resultados do ZARC podem ser expressos na forma de mapas ou tabelas. Em ambos os casos os municípios são diferenciados em função da chance de sucesso do cultivo. Municípios com melhor condição de cultivo são classificados como tendo 80% de chances de sucesso. Isso equivale a dizer que são esperadas ao menos oito safras bem sucedidas a cada dez implantadas. Por contrapartida, fica implícito o risco de ocorrer sinistro em até duas safras. São atribuídos ainda mais dois níveis, referindo-se às condições boa (70%) e regular (60%). Quando o município não recebe nenhuma classificação isso significa que o plantio não é recomendado para aquela data ou localidade.
Dentre os exemplos, Comunello apresentou o município de Dourados onde há condições muito favoráveis de plantio para o solo tipo 3 desde o início de janeiro até o final de março. Já no início de abril a janela de plantio é fechada da em decorrência da restrição hídrica e térmica (riscos de geada na fase crítica da cultura). .
Os presentes consideraram a proposta apresentada muito coerente com a realidade de campo e manifestaram que muitas das correções necessárias já haviam sido realizadas nas validações conduzidas pela Embrapa Agropecuária Oeste em anos anteriores. A despeito da concordância com a proposta apresentada, muitos dos presentes requisitaram uma nova apreciação dos resultados do milho quando cultivado em consórcio com braquiária.
Validação on-line
Harley Nonato de Oliveira, chefe Geral da Embrapa Agropecuária Oeste, fez a abertura da reunião on-line. Ele explicou que é um importante sistema que avalia a probabilidade de atendimento das necessidades de água da planta em diferentes etapas do cultivo, com o objetivo de auxiliar na orientação de atividades agrícolas minimizando perdas nas lavouras. “É muito importante contar com a participação de diferentes instituições nesse processo de validação, que estão aqui representando todo o Estado do MS”, agradeceu e deu boas vindas.
“Os encontros on-line são inclusivos e proporcionam oportunidade de participação de pessoas das mais distantes regiões interessadas na temática, sem necessidade de gastar tempo e recursos financeiros com viagens. Assim, podemos aproveitar essa forma de comunicação para estreitar e intensificar as conversas e trocas junto aos produtores e demais participantes para validar essas informações”, acrescentou Nonato, agradecendo a participação de todos.
Para Celso Martins, superintendente do MAPA em MS, as reuniões do ZARC estão criando uma importante aproximação entre as instituições e propiciado importantes debate sobre o assunto.
“O cultivo do milho safrinha se tornou extremamente compensador para os produtores estaduais, porém se trata de um cultivo de muito risco. Assim, o ZARC oferece uma estrutura que contribui para minimizar esses riscos. O que torna a metodologia fundamental para o sucesso da cultura”, afirmou Martins.
André Dobashi, presidente da Aprosoja/MS, destacou a importância da reunião para o produtor e enfatizou que o milho se tornou nossa segunda safra do ano, participando de maneira expressiva na composição de renda, muitas vezes, protegendo o lucro do produtor.
“Quando podemos contar com um posicionamento claro, baseado em dados científicos, em relação ao risco da semeadura tardia, do período mais adequado para garantia de produtividade e, principalmente, determinando a melhor janela de semeadura, de acordo com o clima, tipo de solo e ciclo de desenvolvimento do hibrido, isso gera muita segurança, tanto para alavancar financiamentos quanto para prosseguir com o cultivo do milho”, acrescentou Dobashi.
Christiane Congro Comas (Mtb-SC 00825/9 JP)
Embrapa Agropecuária Oeste
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