O Crystal é uma importante ferramenta
para o Manejo Integrado de Pragas e para suporte ao manejo de
resistência das lagartas aos inseticidas químicos.
O lançamento do bioinseticida Crystal aconteceu na noite de 26 de agosto, pelo canal da Embrapa no YouTube. O Crystal é resultado de uma década de pesquisas e da parceria entre a Embrapa e a empresa canadense Lallemand, líder global no desenvolvimento, na produção e na comercialização de microrganismos.
“Este bioinseticida é um produto biológico à base da bactéria Bacillus thuringiensis e produz esporos e cristais contendo as proteínas Cry e Vip3, que são tóxicas a insetos”, explica o pesquisador Fernando Hercos Valicente, da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas-MG, responsável pela tecnologia na Embrapa.
“Além disso, o Crystal é uma importante ferramenta para o Manejo Integrado de Pragas e para suporte ao manejo de resistência das lagartas aos inseticidas químicos. Ele tem uma formulação líquida, de fácil manuseio e aplicação. Seus cristais e esporos, ao serem ingeridos pela lagarta, causam uma infecção, o rompimento do intestino e a morte do inseto”, enfatiza o pesquisador.
O evento foi moderado pelo professor e comunicador José Luiz Tejon Megido. Ele ressaltou que a missão do Brasil é vender conhecimento, ciência. “E essa união de uma Embrapa com uma companhia global como a Lallemand, provavelmente, é um caminho para fazer essa missão maravilhosa do Brasil: apoiar agricultores do planeta inteiro, nessa região tropical que vocês da Embrapa dominam tão bem”.
Adriana Regina Martin, diretora executiva de Inovação e Tecnologia da Embrapa, ressaltou que uma das metas da Empresa é buscar trabalhar junto com outras instituições para desenvolver tecnologias que possam ser colocadas no mercado em benefício da sociedade. “Nós geramos conhecimento e o transformamos em inovação. Como a gente pode ver é um trabalho de basicamente 13 anos. Então, a pesquisa é um sinônimo de um grande investimento. E nós precisamos investir neste trabalho de longo prazo”, disse.
Santo Bonganhi Neto, gestor de marketing estratégico da Lallemand Brasil, agradeceu aos ouvintes e participantes. “Nós estamos aqui transmitindo para todo o território nacional e para vários países conectados conosco. Entre eles, México, Estados Unidos, Argentina, Paraguai”, disse. Frederic Chagnon, presidente global da Lallemand, também assistiu ao lançamento, diretamente do Canadá.
“Nosso objetivo hoje é compartilhar conhecimento, ciência e tecnologia de ponta, para o agronegócio brasileiro e para um mundo melhor. É uma honra ter participado ativamente junto com a Lallemand e a Embrapa no desenvolvimento desse novo produto totalmente inovador para a agricultura”, disse Bonganhi.
Crystal tem de 95 a 100% de eficiência comprovada
Registrado no Mapa para o controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), o Crystal também controla a lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania) e a lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens), além da Spodoptera cosmioides. O produto já estará disponível para a safra 2020/2021.
Valicente ressaltou que a lagarta-do-cartucho é a principal praga de grandes culturas. “Sua preferência é pelo milho, mas ataca algodão, feijão, milheto, soja, sorgo, as hortaliças e alguns legumes. A praga tem um ciclo total em torno de 30 dias e tem grande potencial de dano. A lagarta está presente nas Américas, na África, na Ásia e na Austrália”, pontuou.
“O Bacillus thuringiensis (Bt) é uma bactéria Gram Positiva, e o cristal proteico é formado durante sua fase estacionária ou de esporulação. Ela é encontrada naturalmente no solo, na água, em insetos mortos e em resíduos de grãos. Nas pesquisas realizadas pela Embrapa e pela Lallemand, o bioinseticida Crystal alcançou eficiência em torno de 95 a 100%, no controle das lagartas nas lavouras”, explicou o cientista.
A aplicação pode ser feita com o pulverizador costal ou com o trator, sempre com um espalhante. A recomendação é aplicar o produto no estágio inicial da lagarta, logo quando aparecem e estão pequenas. “É um produto que pode ser usado tanto pela agricultura orgânica como pela tradicional. Pode ser usada por micro, pequenos, médios e grandes produtores. Todos que têm interesse em um produto biológico”, afirmou Fernando Valicente.
Frederico Ozanan Durães, chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, concluiu que o propósito do encontro foi oferecer informações e esclarecer sobre as oportunidades de soluções para o manejo de grandes culturas agrícolas com os insumos biológicos. “Nós estamos demonstrando que vamos continuar dialogando sobre, basicamente, conhecimento, tecnologia e produto, e, com isso, estabelecer parcerias estratégicas”, disse.
Para ele, o compartilhamento de saber entre instituições, a exemplo da Lallemand e da Embrapa, com a tecnologia Crystal, é um caso típico de inovação aberta. “É relevante para o propósito de construir uma parceria estratégica que visa sustentabilidade. E produz resultados que contribuem para agregar valor e impacto à produção agropecuária e à ciência aplicada”, afirmou Durães.
Embrapa Milho e Sorgo
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