Mudas de clones de seringueira selecionados pela Embrapa estarão disponíveis aos heveicultores em 2022

 

Os viveiristas Cynira e Walter José Geromel, de Valentim Gentil (SP), recebendo as hastes dos clones de seringueira selecionados pela Embrapa - Foto: Breno Lobato

Viveiristas interessados em produzir mudas dos clones de seringueira selecionados pela Embrapa Cerrados para o Centro-Oeste do Brasil estiveram no centro de pesquisas em dezembro de 2021 para retirar os lotes de hastes para enxertia adquiridos em oferta pública da Embrapa. De olho no aquecimento do mercado interno de borracha natural, eles apostam na produtividade superior dos materiais.

Osmair Leite e Carlos Henrique Camargo, proprietários do Viveiro Goianésia, de Goianésia (GO), adquiriram lotes de 10 dos 14 clones recomendados pela pesquisa para a região. O viveiro, que produziu 220 mil mudas no ano passado, abastece produtores de Tocantins, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Bahia.

Leite trabalhou numa das fazendas que participaram dos testes de seleção dos clones e acompanhou os plantios dos experimentos – daí o direcionamento da escolha dos materiais a partir do desempenho observado na região. Agora como viveirista, ele quer aproveitar o aumento da procura por mudas de novos clones. “As pessoas desejam aumentar a área de plantio e produzir mais. Nos últimos dois anos, não conseguimos atender à demanda por mudas, a procura aumentou muito”, comenta.

Para Camargo, o que chama a atenção nos clones selecionados pela Embrapa Cerrados são a produtividade e a precocidade superiores às do RRIM 600, o mais plantado na região. “Aos seis ou sete anos, eles chegam a ter mais de 90% dos painéis em sangria”, diz. Ele aposta que o mercado se manterá aquecido nos próximos quatro ou cinco anos. “À medida que esses clones mostrarem produtividade, a procura por eles deve aumentar”, projeta.

Segundo os viveiristas, as mudas produzidas a partir das hastes dos clones OS 22, PB 312, PB 324, RRIM 713, RRIM 937, PB 311, PB 314, PB 350, PB 355 e RRIM 901 devem estar disponíveis em cerca de seis meses.

 

Viveiro já tem encomenda

Em São Paulo, o Instituto Agronômico (IAC) realizou os testes que levaram à recomendação de plantio dos clones no Estado. Proprietário do Viveiro Ouro Verde, de Valentim Gentil (SP), o casal Cynira e Walter José Geromel adquiriu cinco lotes de hastes do clone RRIM 937. Eles conheceram o clone por meio de um agrônomo local e afirmam que, na região, o material é mais produtivo que o RRIM 600 – o mais plantado nos seringais paulistas.

O viveiro, que já utiliza o RRIM 937 na produção, foi contratado para uma entrega de 15 mil mudas. “Buscamos as hastes para fazer o jardim clonal. Vamos ver se conseguimos atender o produtor este ano”, explica Cynira, acrescentando que o material já é bem conhecido na região. 

A viveirista conta que tem havido muita demanda por mudas, o que provocou aumentos nos preços. Em 2021, o viveiro comercializou 30 mil mudas. “Foi o ano em que mais produzi. A borracha está com preço bom. De quatro anos para cá, a procura tem aumentado”, diz.

Outro fator para o aumento do preço da muda é a diminuição da oferta. “Sobraram poucos viveiros em São Paulo após a norma de produção de mudas em bancada suspensa em substrato. Antes, todo mundo produzia direto na terra”, lembra Cynira, que teve que converter o sistema de produção do viveiro, que atende heveicultores paulistas há cerca de 10 anos.

 

Mudas enxertadas vão contribuir para a diversificação genética e a produtividade dos seringais

Nas ofertas públicas de 2020 e de 2021, a Embrapa disponibilizou, aos viveiristas credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, cerca de 10,5 mil metros de hastes clonais de plantas básicas dos 14 clones de seringueira recomendados para o Centro-Oeste. Cerca de mil metros de hastes foram entregues a cinco viveiristas de Goiás e de São Paulo. 

“Considerando a estimativa de 10 a 15 enxertos por haste e 10% de perda, teremos cerca de 9 mil a 13,5 mil mudas enxertadas de plantas básicas nos jardins clonais para atender as demandas dos produtores de mudas enxertadas desses clones, que irão contribuir em muito para a diversificação clonal e o aumento da produtividade de borracha dos novos seringais de cultivo a serem instalados”, projeta o pesquisador Josefino Fialho.

As ofertas públicas das hastes prosseguirão até 2023.

 

Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados

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