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| Na mesa principal, José Antonio Nascimento Brito, presidente da ACRJ; o economista Carlos Von Doellinger; o secretário especial de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Roberto Fendt e o ex-presidente do BB, Rubem Novaes. Foto: SNA |
A inflação causada pela pandemia e agravada pela recente guerra no Leste Europeu, é um dos atuais desafios do governo brasileiro. No momento, o Ministério da Economia reúne esforços para controlar a alta dos preços e retomar o crescimento do setor.
“Uma inflação de custos é difícil de controlar. A Selic (taxa básica de juros) está próxima de 12% e inflação gira em torno de 5,5%. Essa é, talvez, uma das maiores taxas de juros real praticada no país ”, destacou o economista Carlos von Doellinger, ao participar, na última sexta-feira, da reunião do Conselho de Economia da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
O encontro foi coordenado pelo ex-presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, e contou com a presença, entre outros, do presidente da SNA, Antonio Alvarenga.
Situação fiscal
Na ocasião, o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do ministério, Roberto Fendt, disse que o País vai terminar o ano “com uma situação fiscal muito boa”.
Com o quadro da pandemia, lembrou Fendt, “tivemos um déficit primário de mais de 10%. Não podíamos deixar a população morrer de fome. Já zeramos o saldo primário em 15 meses e recuperamos três milhões de empregos, ressaltou o economista.
Perspectivas
As perspectivas para os próximos meses, segundo Doellinger, “é de um PIB variando em torno de 1% e uma taxa de inflação com tendência de alta”.
Dependência
No setor agrícola, a forte dependência do Brasil na importação do potássio da Rússia e Bielorússia para a produção de fertilizantes continua a preocupar o governo.
“Potássio teremos até setembro, mas depois poderá faltar para a safra 2022/23”, indicou Fendt, lembrando que os estados do Sul conseguiram manter seus estoques de fertilizantes devido à seca na região.
Painel da crise
Ao traçar um painel dos impactos geopolíticos da guerra na Europa, o vice-presidente da SNA, Tito Ryff, afirmou que “a crise vai fortalecer o sentimento de coesão na Europa, que sairá do conflito fortalecida. A Grã-Bretanha, apesar do Brexit, deverá se reaproximar do continente europeu”, disse ele.
Esse fortalecimento será verificado sobretudo no contexto militar, destacou Ryff. “Os países farão um investimento maior em sua própria defesa”.
Independência e autonomia também serão percebidas nas áreas de suprimento energético, alimentar, comercial e desenvolvimento tecnológico, estimou o vice-presidente da SNA.
Globalização
“A globalização é uma das grandes vítimas dessa guerra”, disse Ryff. Segundo ele, nesse contexto, a tendência é de redução das trocas comerciais no mundo. “No curto prazo, vai influenciar a cooperação internacional no âmbito científico e tecnológico e, no caso das sanções contra a Rússia, irá afetar a cadeia de suprimento de produtos comerciais e financeiros”.
Já no longo prazo, completou o economista, “haverá maior independência energética, alimentar e tecnológica, além de relações comerciais mais estáveis e confiáveis entre parceiros”.
Apostas erradas
Ryff acredita que uma possível saída para conflito está nas negociações com a Otan. “Putin fez uma aposta errada, pensando que a vitória seria rápida e não imaginou que houvesse uma reação tão forte da Otan”, disse.
“A Ucrânia, por sua vez, também incorreu em um erro de cálculo brutal, acreditando que se houvesse uma invasão ao país, a Otan iria intervir de forma mais efetiva. No entanto, o problema mais grave dessa invasão é a ameaça nuclear. Minha esperança é de que algum dia a Rússia se aproxime da Europa”.
Já o economista Hélio Portocarrero observou que o sentimento pró-europeu na Ucrânia é muito forte. “Há interesse do povo da Ucrânia de se integrar à União Europeia por questões de emigração para a Europa Ocidental”.
EUA e China
Ao avaliar a posição dos EUA, Ryff disse que o país precisa repensar sua prioridade geopolítica do ponto de vista tático, voltando suas atenções para o expansionismo russo na Europa e o estreitamento de laços com o continente. Já a China aposta em um crescimento superior às economias ocidentais, indicou o especialista.
“O acirramento do conflito na Europa para o país é algo grave, mas a China não tomará partido da guerra. A partir de certo ponto, vai tentar interceder como mediadora para verificar se há alguma solução para o conflito. Ao mesmo tempo, também poderá ajudar a Rússia em termos econômicos e comerciais”.
Eleições
Também participou da reunião o presidente da Associação Comercial de Rio de Janeiro (ACRJ), José Antonio Nascimento Brito, que fez uma avaliação das pesquisas eleitorais para as próximas eleições.
Fonte: SNA
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