Conferência Mais Valor Agro discute desafios e oportunidades para a agricultura digital



Especialistas, representantes da indústria e de instituições de pesquisa debateram os desafios e as oportunidades para a agricultura digital, tema do painel promovido ontem (24) pela Embrapa e Instituto Agronômico (IAC) durante o InovaCampinas 2018, evento de inovação e empreendedorismo realizado em Campinas (SP). Promovido pela Fundação Fórum Campinas Inovadora (FFCi), o evento segue até esta quinta com a expectativa de receber mais de 10 mil visitantes. A Embrapa também marcou presença na área de exposição com a demonstração de tecnologias das três Unidades da região e parceiros.

Em sua quinta edição, pela primeira vez a programação do InovaCampinas conta com uma trilha dedicada ao agronegócio. Na abertura da conferência Mais Valor Agro, o vice-presidente da entidade, José Eduardo Azarite, destacou a iniciativa. “Enquanto polo de tecnologia, a Região Metropolitana de Campinas está dando um passo extremamente importante no sentido de marcar posição para que possa ser de fato um diferencial no que diz respeito a tecnologias voltadas para o agronegócio”.

O debate sobre agricultura digital contou com a participação do diretor-executivo de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Cleber Soares, do diretor de Marketing para América Latina da John Deere, João Pontes, do vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento do CPqD, Alberto Paradisi, e do assessor de Diretoria da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Fabio Stallivieri.

A chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá, foi a moderadora do painel e destacou a importância de reunir diferentes atores do ecossistema de inovação em agricultura digital para discutir como essas novas tecnologias podem agregar valor à produção. “Para avançarmos de fato neste campo é fundamental trabalhar de modo colaborativo, envolvendo universidades, instituições de pesquisa, empresas e startups”, afirmou.

O diretor-executivo da Embrapa, Cleber Soares, apresentou algumas das tecnologias digitais já desenvolvidas pela Empresa e parceiros para apoiar o produtor rural na tomada de decisão, como aplicativos móveis e sistemas online baseados em internet das coisas (IoT), inteligência artificial, visão computacional e computação de alto desempenho associadas a rastreabilidade, fenotipagem, gestão de riscos climáticos, detecção de doenças em plantas e animais, entre outras aplicações.

Ele ressaltou que tecnologia e inovação são elementos vitais para o incremento de renda do produtor rural. “Hoje nós sabemos que mais de 70% dos ganhos de produtividade e de produção na agricultura são explicados pela adoção de tecnologia e cada vez mais a agricultura digital está presente no dia a dia do produtor rural e das atividades agrícolas”. Um dos principais desafios para a adoção dessas tecnologias, segundo o diretor, passa pelo avanço na educação e na capacidade de contarmos com pessoas preparadas para lidar com essa nova dinâmica da agricultura moderna.

João Pontes, da John Deere, chamou atenção para a necessidade de agregar real valor a partir do uso dessas novas tecnologias, com foco na gestão do ciclo de vida da produção, dos equipamentos e da propriedade como um todo. Ele também acredita que a transformação digital da agricultura não vai impor um novo desafio para o produtor. Passada a fase de transição, ela virá para facilitar a vida e o trabalho no campo. “Para isso as tecnologias precisam ser mais intuitivas, reduzindo necessidade de conhecimento especializado para sua aplicação”, disse. Do ponto de vista da automação, ele destacou o avanço no conceito de agricultura de precisão em direção à autonomia propriamente dita. “Muito em breve vocês verão realmente veículos e equipamentos autônomos na agricultura”.

Dentro do tema agricultura digital ou Agricultura 4.0, a internet das coisas (IoT) é um ponto chave, talvez o principal combustível de transformação na opinião do vice-presidente de P&D do CPqD, Alberto Paradisi. “IoT remete fundamentalmente a sensores que estão em todo lugar, ligados ao mundo biológico das plantas e animais, embarcados nos objetos, em drones, nas máquinas agrícolas e implementos, produzindo dados em grande quantidade”, explicou. Esse dado precisa ser trabalhado a partir de algoritmos e inteligência artificial de forma a extrair informação e gerar insights de negócios. “Ao final o agricultor precisa reduzir o uso de máquinas, o consumo de defensivos e fertilizantes e dessa forma melhorar a eficiência e a qualidade da produção”, completou.

Para que tudo isso seja possível, é necessário haver conectividade no campo. Paradisi apresentou projeto realizado pelo CPqD em parceria com o setor sucroalcooleiro que ofereceu infraestrutura e gerou soluções no gerenciamento da frota e logística da produção. Ele ressaltou que a adoção desse tipo de tecnologia já aponta para retornos significativos em termos econômicos. “O investimento de capital do produtor é recuperado em poucos meses, principalmente devido à eficiência no uso de máquinas e à economia de combustível”.

Entre as várias questões que são condições necessárias para a consolidação da agricultura digital no Brasil, Paradisi destacou a formação e capacitação profissional nas várias áreas de tecnologia e conhecimento, o trabalho colaborativo, reunindo diferentes competências, e o fomento ao empreendedorismo. Neste âmbito, o representante da Embrapii, Fabio Stallivieri, apresentou o modelo de apoio à inovação proposto pela instituição, que é centrado na interação das empresas com centros de excelência credenciados em todo o país para o desenvolvimento de tecnologias em diferentes setores da economia, como o agronegócio.

Agregação de valor


O segundo painel da conferência Mais Valor Agro teve moderação do diretor geral do IAC, Sérgio Carbonell, e tratou de temas centrais para a agregação de valor na agricultura, como o incremento na qualidade dos produtos, a valorização da produção local e a sustentabilidade. Fizeram parte das discussões a produtora de vinhos e sócia na empresa EnoConexão, Ariana Sgarioni; a consultora de negócios do Sebrae-SP Cíntia Maretto, a diretora do Centro de Tecnologia de Frutas e Hortaliças do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Fruthotec/Ital), Shirley Berbari; e o diretor-presidente da Ceasa Campinas, Wander Villalba.

Além dos painéis, a agenda do evento incluiu ainda um pitch de startups. As seis AgTechs selecionadas para apresentar seus negócios e cases de sucesso foram as empresas MVISIA, Pangeia Biotech, PrevSafra, Tau Flow, Verde Drone e YouAgro. A conferência Mais Valor Agro teve coordenação da Embrapa Informática Agropecuária em conjunto com o IAC, com patrocínio da John Deere e apoio das empresas Visiona Tecnologia Espacial e iT – Tech Solutions.

Exposição de tecnologias


Presente também na área de exposição do InovaCampinas 2018, o estande da Embrapa trouxe tecnologias em agricultura digital, sustentabilidade, gestão e inteligência territorial geradas pelas Unidades da região. A Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) apresentou soluções tecnológicas aplicadas à agropecuária, como o aplicativo móvel Roda da Reprodução e sistemas online que auxiliam o setor na gestão e tomada de decisão, como o SATVeg, WebAgritec, WebAmbiente e o sistema Agroideal.

Entre as tecnologias demonstradas pela Embrapa Meio Ambiente no evento estão bioprodutos destinados ao controle biológico, tolerância ao estresse hídrico, controle de plantas daninhas (bio-herbicidas) e promotores de crescimento, o aplicativo AgroTag, iniciativa voltada ao monitoramento de redução de Gases de Efeito Estufa, ferramentas para avaliação de impacto como Ambitec-Agro e APOIA-NovoRural, além de tecnologias que aprimoram a pulverização eletrostática. Já a Embrapa Territorial levou ao InovaCampinas 2018 o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária Brasileira, ferramenta desenvolvida para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e o estudo para Análise dos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

O espaço também foi palco para a divulgação de outras iniciativas da Empresa, como o evento Ideas for Milk, e reuniu startups parceiras que demonstraram tecnologias para o agronegócio baseadas em Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial, drones, sensores para análise do solo e pecuária de precisão. No último dia do evento, acontece no estande ainda o encontro de startups (Meetup) organizado pela Venture Hub, entidade que atua no ecossistema de inovação da região de Campinas com programas de aceleração e empreendedorismo.



Graziella Galinari (MTb 3863/PR)
Embrapa Informática Agropecuária

Vera Scholze Borges (colaboração) (MTb/SP – 72462)
Embrapa Informática Agropecuária

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