A expansão do setor agrícola elevou o potencial para irrigação



Com potencial para atingir 60 milhões de hectares, a área irrigada hoje no País, ocupa entre 6 e 7 milhões. Para os especialistas, um país nos moldes do Brasil, a estratégia para ampliar os números passa pela reinvenção do setor, o que envolve iniciativa privada, políticas públicas e gestão hídrica.

“No Brasil, há regiões como o semiárido nordestino, que a irrigação é a principal fornecedora de água. Em outras, a irrigação é complementar, pois o regime de chuvas é satisfatório e a irrigação complementa quando há eventuais faltas. Entretanto, há países como Chile e Peru com oferta de água restritiva e gestão de água mais eficiente que a nossa. Gestão hídrica é um desafio”, aponta o pesquisador da Embrapa Danilton Flumignan (Dourados-MS).

Ele afirma ao lado do professor da Unesp (Ilha Solteira-SP), Fernando Braz, que pesquisas na área já estão disponíveis. Entre os estudos está o monitoramento de áreas onde é possível implementar os sistemas de irrigação. Na região de Dourados, por exemplo, os estudos revelam que doze safras apresentaram carência hídrica, apesar de volume considerável de água no período. “Isso quer dizer que a planta não demonstrou todo o seu potencial genético devido a eventos com limitações hídricas”, conclui o especialista em irrigação e drenagem.

Os avanços também permeiam a expansão de estações agrometeorológicas e sensores de solo, assim como equipamentos. Em Mato Grosso do Sul, há ao redor de 8 mil hectares irrigado, 90 com pivôs centrais, conta o professor Braz, também doutor em irrigação e drenagem. Em solos arenosos, com baixa capacidade de retenção, o fornecimento hídrico é limitado e a irrigação é uma questão de sobrevivência, “uma ação agregadora da economia”.

O desafio de uma gestão hídrica eficiente parece não inibir o produtor. Segundo dados da Agência Nacional das Águas, a tendência de adesão à tecnologia é crescente, não somente para lavouras de grãos, mas também pecuária de corte. Para Braz, os mercados de confinamento e exportação para comunidades judaicas e muçulmanas fortalecem as iniciativas.

Flumignan e Braz participaram do Painel “Agricultura irrigada em solos arenosos”, o último do Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos, que aconteceu na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em Campo Grande (MS). Os pesquisadores Wenceslau Teixeira da Embrapa (Rio de Janeiro-RJ) e Teodorico Sobrinho (UFMS) também se apresentaram no painel. Os solos arenosos representam ao redor de 10% dos solos brasileiros. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, entre 15 e 20%, e o equivalente no Bioma Cerrado.

Simpósio - O III Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos é promovido pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) e realizado pela Embrapa e UEMS, com o tema "Intensificação agropecuária sustentável em solos arenosos" e programação composta por palestras, mesas-redondas, apresentações de resumos e visita técnica. O evento aconteceu entre os dias 7 e 10 de maio, na UEMS (Campo Grande-MS).

Dalizia Montenario de Aguiar (MTb 28/03/14/MS)
Embrapa

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