Revisão periódica no apiário é fundamental para a saúde do apicultor e das colônias de abelhas africanizadas



Você sabia que o apiário requer revisão constante para ser produtivo e saudável?

O pesquisador da Embrapa Pantanal, Vanderlei Doniseti Acassio dos Reis, explica que muitas pessoas têm a ideia de que o trabalho na apicultura é tão somente colocar as abelhas nas colmeias (estruturas mais comumente confeccionadas em madeira) e aguardar que elas produzam o mel e demais produtos apícolas, o que não é verdade. “O ideal é que as manutenções e revisões do apiário sejam realizadas quinzenalmente, variando de acordo com as necessidades das diferentes épocas do ano e o objetivo do desenvolvimento da atividade (mel, pólen, própolis, cera, etc.) pelo apicultor: e a quantidade de apiários/colmeias povoadas com abelhas africanizadas é que determina a frequência das revisões”, relata o pesquisador. “Em uma quinzena pode se fazer uma revisão mais rápida – onde será apenas verificado se está tudo em ordem com as colônias, a questão de oferta de alimentos e água, e uma segunda mais detalhada - quando será feito o controle zootécnico: quais são as melhores colmeias, as mais ou menos afetadas por ectoparasitas, quais as menos defensivas e melhor adaptadas, as mais produtivas, que enxameiam menos, etc., para que este material possa ser multiplicado”, detalha Vanderlei.

O pesquisador conta que ao longo dos anos de trabalho de pesquisa no apiário do Campo Experimental (fazenda Nhunimim) da Embrapa Pantanal durante as revisões foram desenvolvidos uma série de controles zootécnicos, que conta, entre outras ações, com a seleção de linhagens e triagem dessas abelhas para que permaneçam nas suas colmeias, pois “uma das queixas de produtores é a questão das perdas de colônias que se dispersam (enxameiam), nas condições do Pantanal, na natureza. Isso pode ser evitado por meio deste controle e seleção”.

Durante a revisão é muito importante observar as condições dos cavaletes: estado, altura: se não afundaram, se moveram e devem ser trocados ou readequados, afim de evitar que essas colmeias venham a cair ou até mesmo que o trabalho seja dificultado. “Atentar para a ergonomia – altura, posição, material dos cavaletes – vem facilitar o trabalho do apicultor, uma vez que as colmeias ficam pesadas, e se estiverem em posições inadequadas, podem prejudicar a saúde de quem trabalha com elas”, explica Vanderlei.

Outra ação importante que é realizada durante essas revisões é a questão da limpeza dos apiários, que, entre outros objetivos, ajuda a combater o ataque de predadores às colmeias povoadas com abelhas africanizadas e diminuir o risco de acidentes para os apicultores. Além disso, o pesquisador narra outras atividades que podem ser necessárias, tais como: troca de quadros para fortalecimento das colônias, substituição de quadros e/ou colmeias com algum tipo de limitação ao adequado desenvolvimento da apicultura, etc.

O pesquisador da Embrapa explica, também, que, para o trabalho com as abelhas africanizadas, o ideal é uma equipe formada de 3 pessoas: um no fumigador e dois no manejo das caixas, devendo ser feito um revezamento entre os membros da equipe. O número mínimo recomendado são duas pessoas, por questões de segurança.

A equipe da Embrapa Pantanal está finalizando a elaboração de uma planilha de controle zootécnico, anotações e revisões de colmeias povoadas com abelhas africanizadas que em breve estará disponível para o público.

Histórico


A partir de 2003 a a apicultura desenvolvida no Campo Experimental (fazenda Nhunimim) da Embrapa Pantanal passou por um processo de conversão e adaptação com a aquisição de materiais e equipamentos. Uma migração gradativa, segundo Vanderlei, e necessária para a realização de pesquisas em apicultura na região do Pantanal. Foram realizados também, ao longo dos anos, a capacitação em apicultura e produção apícola da equipe de apoio em campo da Embrapa Pantanal, bem como a seleção (por meio de testes e pesquisas) de materiais adequados e padronizados para o trabalho com as abelhas africanizadas: colmeias, macacões, cavaletes, localização ideal para instalação dos apiários, ferramentas, entre outras características. Tudo pensado e testado no ambiente pantaneiro: com todas suas particularidades de clima, vegetação, logística e interação com a fauna local.

Ao longo destes anos as técnicas e conhecimentos obtidos por meio das pesquisas possibilitaram a execução de diversos projetos de pesquisa fundamentais para conhecer mais sobre as particularidades da apicultura no Pantanal e assim gerar, adaptar e transferir técnicas apropriadas para essa região, incluindo desde a seleção de Equipamentos de Proteção Individuais (macacões apícolas, por exemplo) a embalagens mais adequadas para a obtenção de produtos de alta qualidade e que hoje estão disponíveis para serem transferidos para o público de interesse.

Raquel Brunelli d´Avila (DRT/ MS 113)
Embrapa Pantanal



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