Extensão do pescoço no Cavalo Campolina


A espécie equina é fruto de adaptações naturais, conforme exigências do meio ambiente. Suas características lhe conduzem à fuga, antes mesmo da aproximação do predador. Nada existe nos equinos que seja próprio para ser montado. Sua estrutura e força físicas suportam o peso do cavaleiro, sob condições nada naturais. E para ter melhor condição de trabalho sob a sela, o cavalo precisa se adaptar à uma postura, à qual damos o nome de atitude. Para se conseguir a atitude, algumas etapas de trabalho precisam ser executadas sequencialmente, e uma delas, que vamos falar aqui, é a Extensão do Pescoço.

Numa explanação bastante superficial, e com terminologia nem tanto técnica, mas de fácil compreensão, podemos dizer que o cavalo apresenta basicamente três grandes grupos musculares no pescoço, responsáveis pelos movimentos de abaixar e elevar o pescoço, e consequentemente a cabeça, sendo eles os elevadores da base do pescoço, os extensores e os inversores. Naturalmente, o cavalo eleva e mantém elevada a cabeça e o pescoço por ação dos inversores. Quando o cavalo abaixa a cabeça, para comer e beber, por exemplo, ocorre um relaxamento dos inversores, e os extensores mantêm a cabeça sustentada. E os elevadores da base do pescoço auxiliam nesses processos. Ainda outra estrutura é importante no processo de adaptação, o ligamento nucal, que nasce na nuca, daí o nome, e percorre toda a coluna vertebral, se ligando às vértebras. Sua ação, quando estendido e tracionado para a frente, promove uma abertura e distanciamento entre a porção superior das vértebras, extremamente necessária na busca da atitude. E para que se mantenha o ligamento nucal estendido, é indispensável que o cavalo se utilize dos músculos extensores para elevar o pescoço, preservando o distanciamento entre nuca e a cernelha, e não os inversores, que acabam por aproximar esses dois pontos. Para esta adaptação, precisamos criar tônus neste grupo dos extensores, e isso se consegue através do exercício de Extensão do Pescoço, que iremos falar agora.

O cavalo deve estar bem apoiado, para que se consiga dele a busca da embocadura, quando impulsionado pelas pernas do cavaleiro. Sob a pressão do cavalo contra a embocadura, o apoio, permitimos que a mesma se abaixe lentamente, deixando as rédeas correrem entre os dedos, induzindo o cavalo a manter o apoio sobre a embocadura, neste trajeto de descida da cabeça. Compreendendo o que o cavaleiro solicita, o cavalo aprende a abaixar a cabeça, estendendo o pescoço, e se adapta a esta postura, deslocando-se ao passo nesta condição de cabeça baixa, com o pescoço estendido. Pede-se então a transição para a marcha, procurando manter-se a extensão do pescoço também neste andamento, preservando impulsão pela ação das pernas e o contato suave através das rédeas. Ao que o cavalo se adapta a esta condição, comanda-se a partida ao galope, nas mesmas condições. E teremos então o cavalo se deslocando ao passo, em marcha e ao galope, em extensão do pescoço. Nestas condições o cavalo sustenta a cabeça sob ação dos músculos extensores do pescoço, em movimento, que assim ganham tônus e condição de mais tarde elevar a cabeça e o pescoço, substituindo os inversores nesta ação.

Para se determinar o momento de se passar para uma nova etapa de trabalho, que irá promover a elevação da base do pescoço, deve-se observar o tônus muscular dos extensores, quando do animal em repouso. Esta condição muscular, esse discreto volume observado pelo tônus obtido com o exercício, que se observa numa linha paralela à crineira, nos indica o momento de passarmos para nova fase do processo, na busca da atitude. 


Autor: Roberto Coelho Naves | Superintendente de Registros

Fonte: ABCCCampolina

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