Recipientes menores otimizam produção de mudas de açaí

As mudas são mais resistentes ao estresse característico do primeiro ano e dão menos trabalho a quem lida com menores quantidades de mudas.

O boletim de pesquisa Produção de mudas de açaizeiro em recipientes de diferentes volumes, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), traz a primeira comprovação científica sobre os melhores materiais para esse fim, mais econômicos e adequados às demandas de um setor produtivo com áreas de cultivo em crescente expansão.

Com o aumento do consumo do açaí – fruto antes proveniente apenas do extrativismo –, no Brasil e no exterior,  o açaizeiro (Euterpe oleracea) passou a ser manejado em grandes áreas e em pomares comerciais. “Os novos dados, comprovados estatisticamente, colaboram para haver no mercado mudas de qualidade em maior número, a um custo menor, em recipientes de menor tamanho, mais fáceis de se manejar e transportar”, contextualiza Walnice Maria Oliveira do Nascimento,  pesquisadora da Embrapa autora da publicação.

A obra foi recém lançada e simultaneamente disponibilizada on-line para consultas e downloads gratuitos, acessíveis no Portal Embrapa (seções Biblioteca ou Publicações), na Infoteca-e, o repositório de informação tecnológica da Embrapa e no formato PDF direto aqui. É também autor o engenheiro-agrônomo Lucas Antônio Pinheiro Gatti, mestrando em Agronomia na Universidade Federal do Paraná,

 

Melhores tamanhos

Tanto tubetes (tubos de plástico rígido) como sacos de plástico (polietileno) são úteis como recipientes para produção de mudas de açaizeiro, mas os primeiros, nas medidas recomendadas pela pesquisa – 280 centímetros cúbicos – têm características que poderiam atender melhor às necessidades dos grandes produtores e dos viveiristas, diminuindo os custos com a produção e transporte de mudas.

“Os tubetes são mais econômicos, ocupam menos espaço e ficam menos tempo nos viveiros, chegam no campo em maior quantidade em menos viagens, precisam de apenas 15% do total do substrato necessário aos sacos de polietileno nas dimensões recomendadas e, além de tudo, são reaproveitáveis”, exemplifica a pesquisadora.

O tamanho recomendado para os sacos de polietileno é de 1,9 mil centímetros cúbicos – medida equivalente ao previsto nas normas oficiais atuais para produção de mudas de açaizeiro, que estabelecem as dimensões mínimas de 15 cm de largura e 25 cm de altura.

A pesquisa, descrita na publicação Produção de mudas de açaizeiro em recipientes de diferentes volumes, concluiu que, independentemente do tipo de substrato usado, as mudas nos tubetes só se desenvolvem bem até os 120 dias (4 meses), depois disso precisam ser plantadas no campo, enquanto nos sacos, por estes terem mais substrato, podem permanecer até 180 dias (6 meses).

Ensaio em viveiro

O ensaio foi feito no viveiro de produção de mudas frutíferas da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), a partir de sementes da cultivar de açaizeiro BRS Pará e dois tipos de substratos para os tratamentos. Pesquisou-se a morfometria das mudas selecionadas aos 60, 120, 180 e 240 dias, com avaliação da altura, diâmetro do coleto, número de folhas e determinação da massa verde.

A pesquisadora Walnice Nascimento lembra que antes desse estudo não havia ainda consenso entre os pesquisadores na indicação dos tubetes devido a algumas perdas observadas, mas as estatísticas da pesquisa retiraram essa dúvida. Os custos de produção nos diferentes recipientes ainda estão em estudo, assim como o crescimento das mudas no campo originárias de tubetes e sacos de polietileno.

Benefícios

Mudas com mais tempo de vida beneficiam especialmente os agricultores familiares, que já as levam para o campo um pouco mais crescidas. “São mais resistentes ao estresse característico do primeiro ano dos açaizeiros no campo, quando quase não crescem, dando assim menos trabalho a quem lida com menores quantidades de mudas, mas cuida delas”, salienta a pesquisadora.

Por outro lado, as mudas em maior quantidade, porém mais jovens, ao mesmo tempo que diminuem os custos de implantação, exigem, no período inicial do cultivo, maior investimento em tecnologias como irrigação.

Izabel Drulla Brandão (MTb 1084/PR)
Embrapa Amazônia Oriental

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