Técnica dos ”qanats” - aquedutos - não é apropriada para a região Nordeste do Brasil

Esquema de um “qanat”, com vários poços ao longo do percurso (montante para jusante).

 

A técnica dos qanats foi analisada pelo pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) Marco Gomes, para comprovar se poderia ser aproveitada no Nordeste brasileiro.

Os qanats são canais ou condutos de água (aquedutos) usados pelos povos antigos, principalmente do Oriente Médio (áreas desérticas), para levar água a lugares mais distantes e secos.

Um qanat leva água por ação da gravidade a partir de um poço inicial perfurado em uma área mais elevada e que se conecta com vários poços perfurados e distribuídos ao longo de uma extensa área em declive (atendem assim a população distribuída ao longo do caminho) até chegar ao local ou ponto final desejado, considerado uma espécie de oásis ou alguma área irrigada (veja figura). Apesar de muito antigos, alguns desses canais ainda funcionam na Síria, Iraque, no Território Curdo, Turquia, Arábia Saudita entre outros.

Na época (há 3.000 anos ou mais) se justificava esse procedimento, dispendioso, demorado e inseguro para os trabalhadores (perfuradores), principalmente por uma questão de sobrevivência, dada a escassez da água e a população crescente.

Analisando então o caso do Nordeste e a atualidade, não se justifica adotar um modelo análogo aos "qanats", uma vez que não existem muitas opções de condução de água por ação da gravidade, já que na Região predominam  extensas chapadas (áreas planas), esclarece o pesquisador.

Alia-se a isso, a existência de muita água subterrânea, tanto em aquíferos granulares (rochas sedimentares) quanto em aquíferos fissurais (rochas cristalinas – granitos e gnáisses), em extensão considerável da região Nordeste, o que não justifica a construção de qualquer tipo de canal.

Para completar, as técnicas atuais de perfuração de poços tubulares profundos e de distribuição da água são muito mais eficientes e com risco mínimo de acidentes de trabalho no processo de perfuração.

Assim, cada técnica tem sua importância no tempo e no espaço e sempre vai obedecer ao que existe de mais moderno e adequado, de acordo com os conhecimentos técnicos e científicos vigentes, aliados a alguns conhecimentos empíricos relevantes.

Saiba mais aqui.

 

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

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