“Se vocês seguirem as boas práticas, não haverá nenhum problema de doenças relacionadas ao consumo do açaí.” Essa foi a mensagem final do supervisor do Programa de Combate à Doença de Chagas do Estado do Pará, Éder Monteiro, aos batedores de açaí do município de Portel, em workshop realizado no sábado (19). O evento foi organizado pelo projeto Bem Diverso, em parceria com a Emater e a prefeitura local, para transmitir informações sobre os cuidados que devem ser seguidos desde a coleta até a venda ao consumidor, visando a melhoria da qualidade da bebida.
Monteiro apresentou no evento informações sobre a enfermidade que mais preocupa as autoridades quando o assunto é açaí: a doença de Chagas. Segundo o ele, a cada ano cerca de 300 casos são registrados no Pará. E 85% dessas ocorrências são contaminações via oral, causadas pelo consumo da polpa do açaí contaminada com o protozoário parasita Trypanosoma cruzi.
A transmissão ocorre quando os frutos do açaí são contaminados pelas fezes do inseto barbeiro, hospedeiro do parasita, durante o armazenamento ou transporte do produto até os batedores. “Também pode acontecer do próprio inseto ser batido junto com o fruto e gerar uma bebida com uma carga parasitária elevada”, disse Monteiro.
A doença se desenvolve em duas fases, a aguda e a crônica. A primeira se estende por 60 dias e apresenta como principal sintoma febre branda. Após 60 dias, a doença pode evoluir para fase crônica, trazendo complicações principalmente para o coração. “Existe medicação apenas para a fase aguda, quando em geral a pessoa não percebe a doença, pois julga a febre e o mal-estar como uma virose corriqueira”, explica.
Açaí seguro – Para evitar a contaminação, os batedores de açaí devem adotar procedimentos de higienização no processamento do fruto que constam no decreto estadual 326/2012. O principal deles consiste no tratamento térmico conhecido como branqueamento, pois o Trypanosoma cruzi não resiste ao calor. Os frutos devem ser mergulhados em água potável a 80 graus Celsius por dez segundos.
“O açaí pode chegar contaminado para o processamento, mas vocês têm a obrigação de oferecer um produto final livre de contaminação. E para isso basta seguir as boas práticas”, disse o coordenador da Vigilância Sanitária de Portel, Nizomar Júnior, que apresentou as ações do órgão durante o workshop.
Também presente no evento, o presidente da Associação dos Batedores de Açaí de Portel, Marlos de Oliveira, não considera os investimentos necessários para adequação às normas como excessivos, mas reivindica uma linha de crédito. “Os planos da associação são se adequar ao que pede a Vigilância Sanitária”, afirmou. A entidade foi reativada neste ano e até o momento tem 22 batedores inscritos.
Para o representante do escritório regional da Emater no workshop, Milton Nunes da Costa, o evento organizado pelo projeto Bem Diverso foi uma oportunidade de reunir as três esferas de governo e incentivar a adoção das boas práticas pelos atores que integram a cadeia produtiva do açaí. Segundo ele, o órgão pretende também apoiar a articulação entre os ribeirinhos que extraem o açaí da floresta e os batedores da cidade. “O comércio desorganizado compromete a qualidade e preço do fruto que chega na cidade, principalmente fora do período de safra”, afirmou Costa.
Renda - Além da importância na segurança alimentar da população da região, o extrativismo do açaí também é uma das principais fontes de renda em muitos municípios paraenses. A movimentação econômica é estimada em cinco bilhões de reais. "Considerando o potencial dessa atividade e o alto consumo da bebida na região, a adoção de boas práticas é fundamental para assegurar a sustentabilidade dessa cadeia produtiva", avaliou o engenheiro florestal José Leite, da Embrapa Amazônia Oriental.
O workshop faz parte das ações do projeto Bem Diverso, uma parceria entre a Embrapa e o Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD), com recursos de doação do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). A iniciativa abrange ações em outros biomas do país e é liderada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. O principal objetivo é conservar a biodiversidade brasileira e gerar renda para comunidades tradicionais e agricultores familiares.
Vinicius Soares Braga (MTb 12.416/RS)
Embrapa Amazônia Oriental
[email protected]
Telefone: (91) 3204-1192
Monteiro apresentou no evento informações sobre a enfermidade que mais preocupa as autoridades quando o assunto é açaí: a doença de Chagas. Segundo o ele, a cada ano cerca de 300 casos são registrados no Pará. E 85% dessas ocorrências são contaminações via oral, causadas pelo consumo da polpa do açaí contaminada com o protozoário parasita Trypanosoma cruzi.
A transmissão ocorre quando os frutos do açaí são contaminados pelas fezes do inseto barbeiro, hospedeiro do parasita, durante o armazenamento ou transporte do produto até os batedores. “Também pode acontecer do próprio inseto ser batido junto com o fruto e gerar uma bebida com uma carga parasitária elevada”, disse Monteiro.
A doença se desenvolve em duas fases, a aguda e a crônica. A primeira se estende por 60 dias e apresenta como principal sintoma febre branda. Após 60 dias, a doença pode evoluir para fase crônica, trazendo complicações principalmente para o coração. “Existe medicação apenas para a fase aguda, quando em geral a pessoa não percebe a doença, pois julga a febre e o mal-estar como uma virose corriqueira”, explica.
Açaí seguro – Para evitar a contaminação, os batedores de açaí devem adotar procedimentos de higienização no processamento do fruto que constam no decreto estadual 326/2012. O principal deles consiste no tratamento térmico conhecido como branqueamento, pois o Trypanosoma cruzi não resiste ao calor. Os frutos devem ser mergulhados em água potável a 80 graus Celsius por dez segundos.
“O açaí pode chegar contaminado para o processamento, mas vocês têm a obrigação de oferecer um produto final livre de contaminação. E para isso basta seguir as boas práticas”, disse o coordenador da Vigilância Sanitária de Portel, Nizomar Júnior, que apresentou as ações do órgão durante o workshop.
Também presente no evento, o presidente da Associação dos Batedores de Açaí de Portel, Marlos de Oliveira, não considera os investimentos necessários para adequação às normas como excessivos, mas reivindica uma linha de crédito. “Os planos da associação são se adequar ao que pede a Vigilância Sanitária”, afirmou. A entidade foi reativada neste ano e até o momento tem 22 batedores inscritos.
Para o representante do escritório regional da Emater no workshop, Milton Nunes da Costa, o evento organizado pelo projeto Bem Diverso foi uma oportunidade de reunir as três esferas de governo e incentivar a adoção das boas práticas pelos atores que integram a cadeia produtiva do açaí. Segundo ele, o órgão pretende também apoiar a articulação entre os ribeirinhos que extraem o açaí da floresta e os batedores da cidade. “O comércio desorganizado compromete a qualidade e preço do fruto que chega na cidade, principalmente fora do período de safra”, afirmou Costa.
Renda - Além da importância na segurança alimentar da população da região, o extrativismo do açaí também é uma das principais fontes de renda em muitos municípios paraenses. A movimentação econômica é estimada em cinco bilhões de reais. "Considerando o potencial dessa atividade e o alto consumo da bebida na região, a adoção de boas práticas é fundamental para assegurar a sustentabilidade dessa cadeia produtiva", avaliou o engenheiro florestal José Leite, da Embrapa Amazônia Oriental.
O workshop faz parte das ações do projeto Bem Diverso, uma parceria entre a Embrapa e o Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD), com recursos de doação do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). A iniciativa abrange ações em outros biomas do país e é liderada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. O principal objetivo é conservar a biodiversidade brasileira e gerar renda para comunidades tradicionais e agricultores familiares.
Vinicius Soares Braga (MTb 12.416/RS)
Embrapa Amazônia Oriental
[email protected]
Telefone: (91) 3204-1192
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