Projeto para fortalecer cadeia da Macaúba no semiárido inicia nova fase

 


A fim de fortalecer a cadeia produtiva da macaúba para a agricultura familiar na região semiárida do Brasil, a Embrapa Agroenergia realizou na manhã do dia 26 de agosto uma reunião de trabalho com representantes da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura (SAF/Mapa) e da Conab, Emater - CE, IF – CE, SDA e IBGE. O objetivo foi definir as próximas ações do projeto “Fortalecimento da cadeia de produção da macaúba em contextos da região semiárida no Brasil”.

A coordenadora do projeto na Embrapa Agroenergia, a pesquisadora Simone Palma Favaro, relatou que em fevereiro ou março de 2021, quando tiver início o ciclo das chuvas, será iniciado o plantio de macaúba em 10 unidades demonstrativas, com um hectare cada, em áreas de agricultores familiares no município de Barbalha (CE), localizado no Cariri cearense. 

“Entramos na fase de sair do campo experimental para o campo de produção real, para onde iremos levar um pouco do que já construímos para dentro da casa dos agricultores”, afirmou Simone. Segundo ela, antes da implantação das unidades, será feita a seleção de famílias com área disponível, espírito empreendedor e compromisso para acolherem o projeto. “Como contrapartida, a Embrapa irá ceder todos os insumos necessários e apoio técnico em todas as fases do cultivo”, diz Simone.

O cultivo será feito em sistemas de integração e solteiro, com genótipos autóctones e de outros locais. Os agricultores contarão com assistência técnica e avaliação de desempenhos agronômico e econômico. “Estas áreas, já fora do ambiente estritamente experimental, servirão de demonstração, disseminação e fonte de dados para aprimorar as tecnologias para a cultura”, relata a pesquisadora. 

Além da implantação e do acompanhamento de áreas de demonstração no cultivo da macaúba em propriedades privadas, o projeto prevê ainda: o desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas para o cultivo da macaúba; de processos para o aproveitamento do fruto e valorização de seus coprodutos; o levantamento do potencial produtivo do extrativismo da macaúba; e a transferência das tecnologias e conhecimentos gerados.

A identificação e seleção de agricultores familiares com perfil adequado à execução do projeto será feita com o apoio de instituições que atuam no setor agrícola regional (Emater-CE e IF-CE). Também será selecionado um engenheiro agrônomo para dar assistência técnica e auxiliar os agricultores na coleta de dados. 

O projeto tem duração prevista de três anos e parceria com a SAF/Mapa e o CNPq. Na abertura da reunião, o Coordenador-geral de Extrativismo do Mapa, Marco Aurélio Pavarino, afirmou que acredita muito no potencial da macaúba. Segundo ele, o projeto poderá servir de base para novas políticas e ações regionais, bem como para a área de pesquisa e extensão que são desenvolvidas por entidades estaduais e municipais. “Agora precisamos da parceria dos agricultores familiares para a implantação das áreas de demonstração”, afirmou Pavarino.

Também presente à reunião, o Chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso, elencou três fatores que justificam o investimento na macaúba: o fortalecimento da bioeconomia nacional, os investimentos da Embrapa na região semiárida do Nordeste e o foco em pequenos produtores e na agricultura familiar.

“A macaúba é uma espécie com potencial enorme, não somente para a produção de óleo mas para uma série de outros produtos baseados em biologia. Podemos explorar e identificar muitos usos relevantes”, disse. Alonso também agradeceu à parceria “sempre profícua” do Mapa. 

Histórico de projetos da Embrapa com macaúba

Desde 2014, a Embrapa Agroenergia desenvolve projetos com a macaúba no semiárido nordestino. A macaúba (Acrocomia spp.), também conhecida com bocaiúva ou macaíba, é uma espécie de palmeira nativa da América Tropical, disseminada em diversos biomas, inclusive em regiões semiáridas. A planta é considerada uma espécie “multipropósito”, pois produz alimentos para humanos e animais, biocombustíveis sólidos e líquidos e ainda auxilia na recuperação de áreas degradadas.


O primeiro projeto (2014) desenvolvido pela Embrapa visou a criação de modelos agroflorestais para produção integrada de energia e alimentos no Nordeste do Brasil e foi financiado pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FDA). Em 2017, um novo projeto criou um núcleo de excelência em melhoramento genético e biotecnologia de matérias-primas oleaginosas para a produção de bioenergia. Com o financiamento da Finep, foram instalados campos de macaúba nos municípios de Parnaíba (PI) e Barbalha (CE) para o estudo de sistemas de produção e desenvolvidas intervenções para o fortalecimento da atividade extrativista.

O atual projeto (2019) traz como componente novo a inovação social e contará com a participação de mais seis unidades da Embrapa além da Agroenergia: Meio Norte, Algodão, Recursos Genéticos e Biotecnologia, Arroz e Feijão, Territorial e Florestas.

Irene Santana (Mtb 11.354/DF)
Embrapa Agroenergia

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