A crise do leite e as perspectivas para a agricultura familiar

As dificuldades enfrentadas pelos produtores de leite foram debatidas no Seminário Estadual do Leite, promovido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (FETRAF/RS), e pela União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes). O evento está ocorrendo nesta quinta-feira (28), na sede da Federação dos Trabalhadores da Industria da Alimentação do Rio Grande do Sul (FTIA/RS), em Porto Alegre.

A abertura do evento contou com a presença do coordenador Geral da FETRAF/RS, Rui Alberto Valença; com o presidente da Unicafes/RS, Gervásio Plucinski; o deputado estadual, Altemir Tortelli; o representante da CUT-RS, Reginaldo Silveira Rodrigues; o presidente da FTIA/RS, Paulo Madeira; e com o representante da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Osmar Redin.

Com o tema “Crise na cadeia produtiva do leite e as perspectivas para a agricultura familiar”, o evento iniciou com um painel sobre o quadro atual da cadeia produtiva do leite e os impactos dos últimos anos, com o assistente técnico da Emater/RS, Jaime Eduardo Ries.

Conforme o coordenador geral da FETRAF/RS, são diversos os seminários promovidos pela Federação e seus sindicatos associados, que promovem a discussão para a melhoria da produção e comercialização de leite. “A cadeia do leite é a mais importante da agricultura familiar no Rio Grande do Sul, porque é a cadeia que mais produz renda e que mais emprega pessoas. Para cada 1 bilhão movimentado em leite, são gerados cerca de 200 empregos, então são muitas pessoas envolvidas e que dependem dessa atividade”, afirmou.

Ainda conforme Valença, a crise do leite é consequência de problemas, como a importação do leite do Uruguai e Argentina, assim como a diminuição do consumo de leite no pais, e a necessidade reestruturação e o funcionamento da cadeia. “ Hoje não é a indústria e o agricultor familiar que mais fatura, e sim, o atacado, o supermercado que tem mais margem de lucro. Além disso, temos industrias multinacionais que entram na cadeia, sufocando as pequenas agroindústrias”, disse.

O segundo painel do Seminário abordou o cenário internacional, nacional, estadual e os desafios para cadeia produtiva do leite no estado, com o presidente do COOPLIB, professor Ernesto Enio Budke Krug, contando com o debatedor, representante do Grupo de Trabalho do Leite da Assembleia Legislativa, Milton Bernardes.

Fortalecer a agricultura familiar para o crescimento do campo

De acordo com o coordenador geral da Unicafes/RS, o momento atual na atividade leiteira, é resultante de um projeto que foi pensado para o campo, que beneficia grandes empresas e dificulta a competitividade para os pequenos produtores. “O problema acontece por um conjunto de políticas, como abertura do mercado para as grandes transacionais se instalarem, que acabam recebendo recursos públicos para se instalar aqui e com isso se tornam mais competitivos que os produtores”, disse.

Para Plucinski, o grande desafio é o resgate do debate sobre a população do meio rural, com o fortalecimento da agricultura familiar. “Queremos um meio rural com gente, nosso projeto de desenvolvimento passa por pessoas produzindo alimentos no campo e não com um deserto no campo, com pouca gente produzindo para grandes empresas e em grandes quantidades com um modelo de agrotóxico. Precisamos de políticas públicas para ajudar o agricultor a continuar no campo e para que mais pessoas venham para o meio rural”, destacou.

O Seminário Estadual do leite é promovido pela FETRAF/RS e Unicafes com apoio da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
 
Fonte: Bom Dia

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